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SEIS MORTOS - Funasa diz que beribéri está sob controle

Folha de Boa Vista - www.folhabv.com.br
Autor: Andrezza Trajano
09 de Set de 2008

O surto de beribéri - doença que acomete indígenas pela falta da vitamina B1 - registrado desde o ano passado em Roraima, está sob controle, segundo garantiram representantes da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em evento realizado ontem na sede da instituição. A doença já matou seis indígenas das etnias Wapixana e Macuxi e atingiu outras dezenas de índios desde que foi descoberta no Estado em 2007.

Os casos da doença foram registrados apenas nas regiões das Serras, no Município do Uiramutã. Os sintomas do beribéri são: edemas nos membros inferiores, fraqueza, cansaço e problemas cardíacos.

A partir da morte de indígenas com esses sintomas, foi realizada uma investigação por técnicos da Funasa em parceria com o Ministério da Saúde. O estudo contou com apoio da Secretaria de Saúde do Uiramutã e com recursos oriundos de convênio com o governo americano.

Os dados da pesquisa foram apresentados ontem, durante encontro entre representantes do Ministério da Saúde, Secretarias de Saúde do Uiramutã e Boa Vista, Escola Técnica do Sistema Único de Saúde em Roraima e Casa de Saúde do Índio (Casai). Ao mesmo tempo, foram tratados protocolo para tratamento e combate do beribéri, além de questionamentos ainda não levantados pelo estudo desenvolvido.

A pesquisa teve como ponto central os meses de junho e julho de 2008. Na investigação, dos 90 casos de suspeita da doença, todos foram confirmados. A investigação compreendeu desde prontuários de índios registrados na Casai até a pesquisa em campo na região do município afetado.

De acordo com o coordenador regional da Funasa, Marcelo Lopes, a investigação foi direcionada ao município acometido, e não às etnias indígenas. A partir dos resultados das análises apresentados e da definição do protocolo, foi indicada a terapia para erradicação da doença e recomendadas outras investigações.

Segundo Lopes, foram registradas seis mortes por suspeita da doença, sendo quatro em 2007 e duas esse ano. Todas em índios adultos, com maior incidência entre indígenas com 30 e 50 anos.

Para atuar no combate a doença a Funasa conta com o apoio de servidores da Secretaria de Saúde do Uiramutã, Casai, agentes de saúde indígenas e equipes multidisciplinares que atuam em toda a região afetada. "O tratamento para erradicação do beribéri já existe e tem apresentado resultados eficientes com reposição da vitamina B1", afirmou o coordenador da Funasa.

De acordo com Wanderley Guenka, diretor do Departamento Nacional de Saúde Indígena da Funasa, a doença é uma "velha conhecida" das autoridades de saúde, tendo registros no Maranhão, em 2006.

Apesar do surto em Roraima, a doença é tratável e considerada no País sob controle. "O tratamento é relativamente simples, praticamente de reposição da vitamina B1", observou, acrescentando que as equipes de saúde estão em alerta para suspeitas de novos casos.

BERIBÉRI - A doença é oriunda da deficiência da vitamina B1 no organismo humano. Ocorre principalmente nos indígenas devido à forma de vida e aos hábitos alimentares. Alimentos ricos nessa vitamina como verduras, legumes e carnes bovinas são pouco consumidos pelos indígenas. Já o carboidrato é consumido em grande quantidade. Os índios também costumam ter uma carga excessiva de esforço físico, o que pode contribuir para desenvolvimento da doença.

OUTRO EVENTO - Hoje e amanhã a Funasa também aborda outra doença que acomete a saúde dos índios de Roraima. A onconcercose é responsável pela cegueira em índios yanomami.

O encontro abordará tratamento e a proposta de erradicação da doença. Ainda discutirá a parceria com a Venezuela, que passa pelo mesmo problema com seus indígenas.

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