VOLTAR

Seis meses depois, tribo ainda mantém pedágio na BR-230

OESP, Nacional, p. A17
19 de Mai de 2007

Seis meses depois, tribo ainda mantém pedágio na BR-230
Bloqueio de tenharins continua na Transamazônica e eles prometem ir à Justiça para institucionalizar cobrança

André Alves

Seis meses depois de terem bloqueado a Rodovia Transamazônica (BR-230) como forma de protesto para obter mais verbas do governo federal, índios tenharins, no Sul do Amazonas, continuam cobrando pedágios de motoristas na altura do km 145. A informação é do administrador substituto da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Rondônia, Osmam Brasil.

A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) patrocina um estudo de impacto ambiental para requerer na Justiça Federal indenização pelos prejuízos causados à Terra Indígena Tenharim do Marmelo com a construção da Transamazônica. Segundo o coordenador da Coiab, Jecinaldo Sateré-Maué, levantamento feito por antropólogos, engenheiros florestais e advogados deve municiar outra ação na Justiça - a que pedirá a oficialização da cobrança de pedágio pelos índios na Transamazônica.

"Na impossibilidade de não-regularização do pedágio, que é nosso objetivo principal, queremos que haja um programa específico para as terras indígenas tenharins. Essas terras sofreram vários impactos culturais e ambientais e a destruição de locais sagrados. Queremos a indenização pelos atos que foram cometidos contra o povo tenharim", diz Jecinaldo.

A cobrança de pedágio segue os seguintes critérios: R$ 60 para caminhão, R$ 20 para carros e caminhonetes e R$ 10 para moto. Cerca de 100 veículos passam diariamente pelo km 145 da BR-230. "O governo nem sequer sinalizou para buscar algum tipo de programa para a região", reclama o líder indígena.

De acordo com Osmam, o administrador titular da Funai, Rômulo Siqueira, está no município de Humaitá (RO), onde vivem cerca de mil tenharins, tentando estabelecer negociação para acabar com a cobrança de pedágio. Segundo ele, a atitude dos indígenas é compreensível. "Quando o governo foi fazer essa estrada não consultou os índios. Não se preocupou com o impacto que iria causar. Construiu uma estrada dentro das terras indígenas. Foi um verdadeiro desastre. Os índios tomaram consciência da dimensão do problema e, agora, encontraram um meio de ressarcir esses danos", diz Osmam.

OESP, 19/05/2007, Nacional, p. A17

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.