O Globo, Amanhã, p. 15
04 de Dez de 2012
Savanas no lugar da mata nas bordas da Amazônia
Atlas produzido pela Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciadas, e lançado hoje na Bolívia, aponta que 240 mil km² de verde foram desmatados e se transformaram em campos
Rafaella Javoski
rafaella.javoski@oglobo.com.br
Em dez anos, 240 mil quilômetros quadrados da Floresta Amazônica foram desmatados. A área, equivalente ao Reino Unido, faz parte do atlas "Amazônia sob pressão", lançado hoje na Bolívia. O estudo, que levou em conta o período de 2000 a 2010, foi produzido pela Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciadas (RAISG). O desmatamento nesse período atingiu 4,5% dos 7,8 milhões de km² da Amazônia espalhada por nove países (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Guiana Francesa). Florestas, bacia hidrográfica e biodiversidade estão sob ameaça. Uma das consequências mais perniciosas é o isolamento de áreas, como o Parque Indígena do Xingu.
O coordenador geral da RAISG, Beto Ricardo, destaca que o agronegócio e a pecuária têm suprimido a mata que chega ao limite do parque, o que provoca ressecamento e faz com que o uso do fogo pelos índios se transforme em uma ameaça à flora. Em 2010 houve 884 focos de calor, número quatro vezes maior do que o registrado em 2007, considerado recorde na década.
- O acúmulo de novas formas de ocupação econômica nos últimos 50 anos apontam uma degradação e supressão da paisagem. Se o ritmo se mantiver, a Amazônia vai virar uma savana, mais seca e pouco diversa - acredita o coordenador.
O atlas foi produzido com base na análise de estradas, petróleo e gás, mineração, desmatamento, focos de calor e hidrelétricas. Por dificuldades no acesso à informação ficaram de fora a mineração ilegal, pecuária, extração de madeira e agricultura.
Beto Ricardo alerta que, apesar da redução recorde de 27% registrada na Amazônia brasileira entre agosto de 2011 e o mesmo período de 2012, a situação global poderia ser pior:
- Pelos cálculos da Embrapa, só na Amazônia brasileira há 100 milhões de hectares de pastos abandonados, o que representa um quinto da floresta no país.
O Globo, 04/12/2012, Amanhã, p. 15
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