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Saúde dos índios nas mãos de Lula

Diário de São Paulo - https://diariosp.com.br/
15 de Ago de 2010

Saúde dos índios nas mãos de Lula
Para sair do papel, pasta para atendimento médico das tribos aguarda sanção presidencial

Está nas mãos do presidente Lula a criação da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), antiga reivindicação das comunidades indígenas. A lei que estabelece o novo órgão foi aprovada na semana passada pelo Senado, mas falta a sanção presidencial para sair do papel e funcionar de fato.

A medida tira da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) o poder de cuidar dos problemas médicos indígenas e aproxima a questão do Ministério da Saúde. A fundação é alvo de diversas denúncias de corrupção e não fazia um trabalho a contento, de acordo com diversas instituições indígenas.

O episódio mais recente foi denunciado pelo DIÁRIO na edição de 27 de julho, no qual expunha a falta de atendimento médico para cerca de cinco mil ianomâmis em Roraima.

Tudo porque a Funasa se recusava a levar aviões em 15 pistas nas terras indígenas, alegando que as mesmas não estavam homologadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Entretanto, logo após o problema, a Anac havia liberado os voos, por se tratar de questão de saúde pública. A Funasa, por sua vez, disse que não havia recebido comunicado oficial da Anac e os índios esperavam uma solução.

Os voos só voltaram há uma semana e o atendimento médico dos ianomâmis foi restabelecido. "Precisamos gritar bem alto para que nossa situação voltasse ao normal. Agora, esperamos que o Lula aprove a criação da Sesai. Acreditamos que a saúde dos índios será melhor tratada", afirmou Davi Kopenawa, de 59 anos, líder ianomâmi que dirige a Associação Hutukara. Ele ganhou, em 1991, o prêmio Global 500 da Organização das Nações Unidas (ONU) por causa de seu trabalho de defesa das terras ianomâmis.

Casa Civil
Questionada pela reportagem, a Casa Civil não respondeu quando Lula dará seu veredicto sobre a criação da secretaria. Por lei, ele tem 30 dias para dar um posicionamento. Entidades ligadas aos índios desejam que isso ocorra o mais breve possível.

"A Funasa não tinha mais credibilidade para lidar com a saúde indígena. O problema não era falta de verba, mas a má destinação dos recursos e as denúncias de corrupção", afirmou Marcos Wesley, diretor do Instituto Socioambiental.

"A criação da secretaria é, sem dúvida, uma conquista. Vamos esperar a transformação de fato e de direito, porque hoje a saúde indígena não está com nada", disse o presidente do Conselho Indígena de Roraima, Dionito de Souza.
No governo Fernando Henrique (1995-2002), a Funasa deixou de cuidar dos índios e a função foi transferida para as Organizações Sociais. Segundo entidades indígenas, esse modelo deu bons resultados, pois havia um atendimento mais direto e especializado.

No início do governo Lula, em 2003, o funcionalismo público da área empreendeu intensa campanha para retomar a função e a Funasa voltou a exercer a atividade antiga, gerando diversos protestos.

Líder ianomâmi fez pressão em Brasília para aprovação
O líder ianomâmi Davi Kopenawa lutou pela demarcação das terras de seu povo pelo governo brasileiro, o que só ocorreu em 1992, após diversos anos de briga. Ele classifica como nova batalha a pressão exercida em Brasília pela aprovação, no Senado, da Secretaria Especial de Saúde Indígena. "Mandamos cartas, telefonamos para os políticos e visitamos diversos gabinetes. Se a gente não fizesse isso, não conseguiríamos nada", afirmou Kopenawa. Ele considera que os principais problemas médicos nas aldeias são malária e pneumonia.

Diário de São Paulo, 15/08/2010

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