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Satélite pode ser usado na guerra contra madeira ilegal

O Liberal-Belém-PA
22 de Jul de 2002

A utilização de satélite pode ser a grande arma contra o comércio ilegal de madeira na Amazônia. O novo sistema, denominado OmniSAT, já está sendo instalado e em setembro entra em operação em um projeto piloto. Toda a movimentação do transporte será rastreada em tempo integral, via satélite, através de um conjunto de tecnologias e equipamentos que permitem a comunicação móvel, monitoramento e rastreamento das frotas.

Esse tipo de tecnologia já é usado para controle de transporte, fiscalização de trânsito, policiamento e para controle de barcos de pesca. Atualmente mais de 350 mil veículos são rastreados no mundo, sendo 30 mil só no Brasil.

No Pará, duas madeireiras - a Cikel Brasil Verde e a Lisboa Madeireira - participam da experiência e submeterão a sua madeira a uma vigilância constante. A iniciativa, pioneira na região, é coordenada pelo Ibama, através do ProManejo, e conta com a participação do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) e a Autotrac, empresa responsável pela tecnologia e que faz o monitoramento da grande maioria dos veículos que usam esse serviço no Brasil.

Para Alcir Almeida, gerente florestal da Cikel Brasil Verde, a madeireira que possui em Paragominas a maior área de floresta nativa certificada do País, a empresa se candidatou ao teste porque quer dar uma confiança maior da procedência da sua matéria-prima a clientes e órgãos fiscalizadores, estadual e federal.

"Em maio do ano passado, obtivemos o "selo verde internacional" do Forest Stewardship Council (FSC), tanto da floresta como da indústria, garantindo esse fluxo da madeira. Agora queremos ratificar também pelo rastreamento on line via satélite, fornecendo maior transparência, explica.

Sistema manual é passível de fraudes na documentação

Para o gerente da Cikel, o sistema manual, utilizado hoje, que demanda trânsito de documentação - a Autorização de Transporte de Produto Florestal (ATPF) - percorre uma via-crúcis: sai do Ibama, vai ao fornecedor, que discrimina as essências comercializadas, acompanhando a carga até a indústria. Nesse trajeto, podem ser utilizados diferentes sistemas de transporte, como o fluvial, rodoviário ou a combinação dos dois.

Pelo novo sistema, o Ibama acompanhará todo o transporte de madeira da floresta à indústria. Além disso, possibilitará o acesso às informações diárias, de modo seguro e rápido, reduzindo os extensos relatórios mensais de prestação de contas de volumes e essências movimentadas pela empresa, o que hoje oferece margem de erros significativos, caso não seja criteriosamente controlado pelo produtor florestal.

Paulo Barreto, do "Imazon", também vê com otimismo a mais nova ação para identificar a origem da madeira explorada legalmente, controlar o volume do que é transportado e detectar, para coibir, o transporte de madeira ilegal. Ele ressalta que hoje é notório, que o controle vem sendo sistematicamente burlado. "Os projetos de manejo e desmatamento superestimam o volume disponível de madeira na área legalizada, o que permite gerar um crédito excessivo, que é transformado em ATPFs extras. Elas, por sua vez são usadas para legalizar o transporte de madeira de áreas exploradas ilegalmente".

Inovação - É aí que surge o uso de comunicação móvel e rastreamento de frota para controlar a origem da madeira e seu transporte. O sistema apresenta forma eletrônica de contabilizar o crédito do que será transportado. Toda a movimentação do transporte será rastreada em tempo integral, via satélite, e o sistema de controle vai incluir rotinas automáticas para alertar sobre indícios de fraude em tempo real.

Isso permitirá que fiscais sejam enviados a campo para verificar os indícios, durante as ações suspeitas. Entre as principais vantagens estão a eliminação da ATPF de papel, facilmente transferível de um madeireiro para outro, e a identificação da origem da madeira que está sendo transportada.

O sistema completo é composto pelos veículos que farão o transporte munidos de um terminal de comunicação móvel, antenas e teclado para que o usuário possa ler e escrever mensagens. Haverá ainda uma base da Autotrac, operando o sistema, sediada em Brasília e mais uma central de controle do usuário (o gestor ambiental).

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