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Saque e trambique

Correio do Tocantins-Palmas-TO
04 de Fev de 2002

Sob o pretexto de não ter meios de sobrevivência econômica, índios caiapó (aldeia Moicaracô) do sul do Pará vêm há anos entregando a preço irrisório milhares de metros cúbicos de madeira nobre a madeireiros inescrupulosos. Irritados agora com um calote de R$ 30 mil que tomaram desses empresários instalados em São Félix do Xingu, Redenção e Tucumã, pelo menos 40 índios, quatro deles caciques, prometem matar os empregados das madeireiras que entrarem na reserva de 600 mil hectares para cortar mais árvores. As madeireiras já retiraram ilegalmente mais de dez mil metros cúbicos de mogno da aldeia, não pagaram nem deram satisfações. O cacique Kaikware sabe que o negócio com os madeireiros é ilícito, mas seus guerreiros querem matar justamente os trabalhadores igualmente mal pagos.

Enquanto isso, denuncia o Greenpeace à imprensa, que os índios parakanãs da reserva Apiterewa não só estão recebendo em dia como ainda ganharam um serviço extra: escoltar, para os madeireiros, o mogno extraído de suas terras em São Félix do Xingu. Pelo menos 30 índios armados de espingardas e rifles fornecidos pelos madeireiros estariam garantindo o transporte da madeira ilegal até a cidade de São Félix do Xingu. Lá, o mogno será serrado e encaminhado para Belém, de onde será embarcado de navio para a Europa e Estados Unidos.

O procurador da República em Belém, Felício Pontes Júnior, denunciou ano passado que os madeireiros do Sul do Pará estariam aliciando com drogas e armas jovens índios da tribo Paracanã, para extração ilegal de madeira dentro das reservas indígenas Apiterewa e Xingu. Para conquistar a simpatia dos índios são oferecidos dinheiro, comida, camisas, redes, bebidas alcoólicas, maconha e até armas pesadas.

A mesma estratégia estaria sendo utilizada nas áreas indígenas Trincheira Bacajá, Caiapó Xicrin do Bacajá e Caiapó Cararaô, todas em Altamira, no sudoeste do Pará.

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