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São 300 candidatos na disputa

Diário Catarinense-Florianópolis-SC
14 de Set de 2004

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) estima que haja aproximadamente 300 índios concorrendo a cargos proporcionais em todo o Brasil. Ao todo são 345.927 candidatos a vereador. Mas o fato de o candidato ser índio não significa que ele represente o movimento indígena.

- Em nível de vereador, a grande maioria corre por outras vias que não as articuladas com as organizações indígenas - afirma Egon Heck, cientista social do Cimi. Em Santa Catarina, o maior problema enfrentado pelos cerca de 15 mil índios é a demarcação das terras.

Nas eleições municipais de 2000, mais de 350 índios pleitearam vagas no país, das quais 13 para prefeito. Desse grupo, 80 índios candidatos elegeram-se. Foram eleitos 80 vereadores, um prefeito e sete vice-prefeitos. A população indígena brasileira é de 700 mil pessoas, segundo dados do Cimi. Sessenta por cento vive na Amazônia.

Em Santa Catarina, explica Cleber Buzatto, um dos coordenadores do Cimi Regional Sul (abrange os estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), o trabalho é feito no sentido de conscientizar os índios e suas lideranças sobre a importância de eleger candidatos realmente comprometidos. Buzatto diz que a falta de demarcação e homologação das aldeias é o maior problema vivido pelos Guarani, Kaingang e Xokleng.

- Os processos estão parados no Ministério da Justiça ou mesmo na Funai - explica.

A pressão exercida por empresários e políticos interessados no ramo madeireiro é um dos motivos para que o governo federal não esteja conseguindo demarcar terras no território catarinense. Existe ainda a questão do conflito da primeira posse com agricultores, que têm importante força na economia.

Pressão junto ao ministro da Justiça

O Cimi diz ter informações de que políticos do Estado têm pedido ao ministro da Justiça Márcio Thomas Bastos para que não assine a demarcação das áreas. Neste rol estariam aldeias dos Xokleng, no Vale do Itajaí, Araçari dos Guarani nos municípios de Saudades e Cunha Porã, no Oeste do Estado, do Toldo Pinhal, entre Seara e Arvoredo, e Toldo Embú, em Abelardo Luz.

Uma liminar foi conseguida para que a área de Toldo Chimbangue II, em Chapecó, tivesse os efeitos da demarcação suspensos.

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