Valor Econômico, Empresas, p. B2
06 de Ago de 2015
Santo Antônio aprofunda perdas no 1o semestre
Natalia Viri
Um aumento nas despesas com o déficit de geração hídrica e nos gastos com pagamento de juros fez com que a Santo Antônio Energia aprofundasse suas perdas na primeira metade do ano. A empresa, responsável pela construção de usina com o mesmo nome no Rio Madeira (RO), registrou prejuízo de R$ 342,9 milhões entre janeiro e junho, contra resultado negativo em R$ 125 milhões um ano antes.
Com 32 turbinas em operação, contra 26 em junho de 2014, a receita líquida subiu 14%, para R$ 1,33 bilhão. Mas os custos avançaram em maior proporção, 17,5%, para R$ 1,10 bilhão. Foram gastos R$ 983,9 milhões para suprir a diferença de geração de energia em relação à prevista nos contratos e para suprir o fator de disponibilidade das turbinas, que não foi alcançado. Essas despesas, contudo, foram parcialmente compensadas pela estratégia de alocação, que rendeu um crédito de R$ 447,1 milhões no mercado de curto prazo.
O principal impacto veio do resultado financeiro: o saldo entre ganhos com aplicações financeiras e despesas com pagamento de juros ficou negativo em R$ 502,1 milhões, 65,6% a mais do que no primeiro semestre de 2014. Segundo a empresa, o salto foi causado pelo aumento nas taxas de juros e a apropriação das dívidas de acordo com o número de turbinas em operação.
A Santo Antônio encerrou junho com R$ 324 milhões em caixa, 37% a mais que os R$ 237 milhões do fim de dezembro.
Apesar da alta, os recursos ainda são apertados para fazer frente aos empréstimos e financiamentos que vencem em 12 meses, de R$ 413,8 milhões.
A situação de caixa é ainda mais delicada, considerando os valores que estão sendo cobrados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). O órgão entende que a usina deve R$ 447 milhões, por conta, principalmente, do fator de disponibilidade das turbinas - segundo o regulador, elas teriam que estar disponíveis 99,5%, o que não ocorreu.
A Santo Antônio, no entanto, conseguiu uma liminar na Justiça suspendendo a decisão e julga, portanto, ter apenas R$ 98,3 milhões a pagar. Esse valor já foi depositado na câmara para a liquidação do mercado de junho, que ocorre hoje. No começo do mês, a empresa informou que não tinha conseguido honrar com as garantias financeiras de R$ 470 milhões exigidas pela CCEE.
Diante da situação, analistas acreditam que seria necessário um aporte dos acionistas, entre os quais estão Furnas (Eletrobras), Cemig, Andrade Gutierrez e Odebrecht. No ano passado, os sócios já injetaram mais de R$ 2 bilhões na empresa.
Valor Econômico, 06/08/2015, Empresas, p. B2
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