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Saneamento insuficiente complica desenvolvimento humano no Pais

OESP, Geral, p.A10
16 de Abr de 2004

Saneamento insuficiente complica desenvolvimento humano no País
Principal implicação da falta de esgoto e de água encanada é para a saúde da população
Lígia Formenti
BRASÍLIA - O relatório do Pnud sobre desenvolvimento humano retrata o Brasil como um país que ainda tem muito a fazer na área de saneamento. O documento mostra que, em 2000, 76% da população tinha acesso a sistema de esgoto e 87%, à água tratada. O desempenho, considerado medíocre, é um dos fatores importantes que impedem o Brasil de evoluir no ranking de desenvolvimento humano.
"Temos no Brasil uma série de prioridades. Saneamento tem de disputar recursos com outras áreas", diz o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, ao justificar o desempenho ainda insuficiente do País nesta área. Pelos cálculos de engenheiros, afirma o secretário, seriam necessários R$ 50 bilhões para acabar com o déficit sanitário no Brasil. Barbosa admite ser impossível ter todo esse recurso de uma vez. E é por isso que a secretaria iniciou um estudo para ver quais medidas nessa área têm maior impacto nos indicadores de saúde. "O bom senso diz que água tratada, esgoto, banheiro, reduzem a transmissão de uma série de doenças. Mas não há estudos que comprovem o impacto exercido por cada um desses fatores", observa.
O objetivo do estudo é verificar se o melhor para saúde é, por exemplo, aplicar recursos em ações que forneçam água, esgoto, banheiros de uma vez só. Ou somente dois fatores combinados ou iniciativas únicas sejam suficientes para reduzir índices de doenças hídricas. "Com isso, teremos mais argumentos para defender a necessidade de investimentos”.
Barbosa adverte que índices apresentados pelo Pnud na área de saneamento têm de ser vistos com reservas. Oficialmente, alguns locais têm sistema de água, mas o fornecimento ocorre de forma irregular, o que obriga a população a armazená-la - uma prática de risco para doenças hídricas.
O secretário acredita que uma melhora nos indicadores de saneamento vai ajudar a reduzir índices de mortalidade em crianças com menos de 5 anos.
Principalmente nas mortes e internações provocadas por doenças diarréicas.
Em 2002, morreram em média 36 crianças por mil nascidos vivos. "Avançamos neste indicador, mas há muito ainda a fazer."
Embora os números possam melhorar muito ainda, Barbosa não concorda com a avaliação de que a mortalidade infantil e de crianças com menos de 5 anos sejam os únicos fatores que impeçam a melhora na expectativa de vida do brasileiro, que é de 68 anos. Em alguns Estados, os ganhos obtidos com avanços na saúde foram neutralizados pelos altos índices de mortes entre jovens por causas violentas - entre elas, homicídios e acidentes. Entre 1990 e 2001, 401.090 foram assassinadas. "No Rio, por exemplo, esperava-se que a o acréscimo da expectativa de vida entre 1991 e 1999 fosse de 3 anos, mas foi de apenas um ano, por causa da violência."

OESP, 16/07/2004, p. A10

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