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Sabesp descarta uso de reserva do Cantareira

OESP, Metrópole, p. A13
26 de Set de 2016

Sabesp descarta uso de reserva do Cantareira
Símbolo da crise hídrica, volume morto do sistema não será mais usado; empresa desmontou estrutura de bombas que captou águas profundas

Fabio Leite,

SÃO PAULO - O fim da seca extrema nos principais reservatórios paulistas ainda em 2015 e o início da temporada chuvosa agora em outubro na região Sudeste levaram a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) a descartar, de vez, um retorno ao volume morto do Sistema Cantareira para manter o abastecimento de água a mais de 7 milhões de pessoas na Grande São Paulo. Ontem, o manancial tinha 44,1% da capacidade, sem incluir a reserva profunda, índice superior ao registrado nessa mesma data em 2013, antes do início da crise hídrica.
Neste mês, a Sabesp rescindiu um contrato de R$ 4 milhões com a empresa responsável pela manutenção das estruturas de captação das águas profundas das represas Jacareí, em Joanópolis, e Atibainha, em Nazaré Paulista, e já deslocou parte das bombas flutuantes usadas na operação emergencial do Cantareira entre 2014 e 2015 para a transferência de água entre dois braços da Represa Billings no sistema de transposição para o Alto Tietê. O contrato com a Penascal Engenharia e Construção terminaria apenas em novembro.
"Diante das atuais condições nos reservatórios e das obras previstas para 2017 que aumentarão a segurança hídrica, não há previsão de utilizar os serviços previstos nos contratos", afirma a Sabesp, referindo-se à entrega da transposição de água da Represa Jaguari, na Bacia do Rio Paraíba do Sul, para a Atibainha, do Cantareira, prevista para abril do ano que vem e do Sistema São Lourenço, que vai abastecer dois milhões de pessoas na região oeste da Grande São Paulo a partir de outubro de 2017, segundo a estatal.
Em março de 2014, a Sabesp gastou cerca de R$ 80 milhões para comprar 17 bombas flutuantes e montar toda infraestrutura necessária para conseguir captar água do volume morto do Cantareira, reserva que fica abaixo do nível mínimo das comportas das represas. A primeira cota começou a ser explorada em maio daquele ano e se esgotou em meados de novembro, quando a companhia já havia investido mais R$ 40 milhões para comprar outras 23 bombas e construir um canal subaquático para captar a segunda parcela do volume morto.
O Cantareira só deixou de operar no vermelho em dezembro de 2015, após o retorno das chuvas no mês anterior. Embora a entrada de água no sistema pelos rios só tenha ficado acima da média em janeiro e junho deste ano, o volume é 74% maior do que a média do ano passado e quatro vezes superior à registrada em 2014, a pior em 86 anos.
Simulação. A última simulação sobre o comportamento do Cantareira divulgada pela Sabesp, em agosto, mostrava que se a seca de 2014 se repetisse nos meses seguintes, o que era considerado improvável, o manancial chegaria em dezembro com 28% da capacidade, sem contar o volume morto.
Para a Agência Nacional de Águas (ANA), o índice mínimo de segurança do sistema nesta época do ano, pré-chuva, era de 20%. Neste mês, o órgão autorizou a Sabesp a captar até 25 mil litros por segundo das represas, 9% a mais do que antes e o suficiente para atender 600 mil pessoas a mais. Foi o primeiro aumento desde fevereiro.

OESP, 26/09/2016, Metrópole, p. A13

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