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Sabesp afasta risco de rodízio ate o fim do mês

OESP, Cidades, p. C8
19 de Nov de 2003

Sabesp afasta risco de rodízio ate o fim do mês
Chuvas dos últimos dias melhoraram nível do Sistema Cantareira

Mauro Mug

Artificiais ou naturais, as chuvas que atingiram as represas do Sistema Cantareira na tarde de anteontem contribuíram para afastar, pelo menos até o fim do mês, o risco de racionamento para 9 milhões de pessoas da capital e Grande São Paulo. Foram 50,1 milímetros de água no local, fazendo com que o nível do reservatório subisse 0,7 ponto porcentual. Ontem, a capacidade estava em 3,2%. Nos 18 primeiros dias do mês, o reservatório acumulou 121,4 milímetros de chuvas. A média histórica do mês todo é de 156 milímetros.
"Segundo os técnicos, houve uma estabilização e a tendência é que o sistema comece a se recuperar", informou o gerente de Comunicação da Companhia de Saneamento Básico do Estado (Sabesp), Sérgio Lapastina. "Eles acreditam que a recuperação efetiva deve se confirmar em dezembro, quando as chuvas são mais freqüentes e intensas."
Lapastina destacou que a situação em que se encontra o manancial, no momento, "confirma o acerto da opção dos técnicos em manter o abastecimento normal, sem prejudicar a população com um rodízio no Cantareira". Mas a empresa não afastou totalmente a decretação de racionamento.
Rodízio - Mas, em outras épocas, a Sabesp adotou cortes no fornecimento com níveis muito maiores nos reservatórios. O racionamento no Sistema Alto Cotia, em 2000, foi criado em 11 abril, quando o nível estava em 38,7%, e encerrado em 11 setembro, com 30,3%. Já no Sistema Guarapiranga, a adoção do rodízio se deu em 1 o de junho de 2000, quando o índice era de 41,1%. A normalização se deu em 15 de setembro, com o nível de 26,6%.
Segundo a empresa, o parâmetro para a adoção ou não de racionamento não é o nível das represas, mas sim a época do ano em que esses números são registrados. Em 2000, os racionamentos nos dois sistemas tiveram início no primeiro semestre, período de estiagem, e foram suspensos na época de chuvas, com índices baixos, mas em processo de recuperação.
Por isso, os técnicos da Sabesp esperam que o Cantareira se recupere bem até março, com seu nível chegando a pelo menos 40% da capacidade. "Mas poderá haver racionamento, se ele ficar abaixo desse índice e se o inverno de 2004 for igual ao deste ano, com temperaturas elevadas e chuvas abaixo da média", disse Lapastina.

Mata-borrão - Este ano, por causa da maior estiagem dos últimos 70 anos, o Sistema Cantareira está tendo dificuldades de reter água em sua bacia hidrográfica de 1.980 quilômetros quadrados. "Essa área transformou-se num mata-borrão seco, com terra trincada, que `chupava' toda água das chuvas, e o lençol freático baixou muito,
evitando a recuperação do reservatório", disse o engenheiro Takeshi Imai, da Air Micro, empresa contratada pela Sabesp para provocar chuva artificial. "Com isso, entravam apenas 4 mil litros de água por segundo no sistema, enquanto fornecia 33 mil litros por segundo."
O déficit de 29 mil l/s fez com que o nível da Represa Jaguari-Jacareí, a maior das cinco que formam o Cantareira, ficasse a zero, com 15 metros abaixo do normal. Mas, segundo Imai, agora o mata-borrão ficou encharcado com o despejo equivalente de 1 milhão de caminhões pipa desde 9 de outubro até anteontem. "Assim, o lençol freático subiu e o solo ficou com a umidade ideal, permitindo que, com qualquer chuva, o nível das represas suba."

OESP, 19/11/2003, Cidades, p. C8

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