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Rússia enfrenta mais de 550 incêndios florestais

OESP, Internacional, p. A18
10 de Ago de 2010

Rússia enfrenta mais de 550 incêndios florestais
Sequência recorde de altas temperaturas, somada à seca, dobra o número de mortes registradas em Moscou e provoca queimadas em todo o país

Andrei Netto Correspondente / Paris

A onda de calor que assola a Rússia desde julho com temperaturas recordes e mais de 550 focos de incêndios florestais, seria a mais intensa em mil anos. A estimativa, divulgada ontem pelo centro meteorológico de Moscou, reforçou a preocupação das autoridades com a possibilidade de um aumento do número de mortos _ ainda indefinido - por causa do calor e doenças relacionadas à poluição.
Desde o início da onda de calor, a temperatura máxima em Moscou chegou a 38,2o C. O recorde de 36,6o C, registrado em 1920, foi quebrado seis vezes nos últimos 15 dias. As temperaturas são as maiores desde o século 19, quando as medições começaram a ser feitas. Mas o fenômeno seria ainda mais singular, segundo afirmou o diretor do Centro Russo de Meteorologia, Alexander Flolov: "Nossos ancestrais não observaram ou registraram um calor como este em mil anos."
A estimativa foi considerada possível por meteorologistas ouvidos pelo Estado nos institutos Météo France, de Paris, e Met Office, de Londres. "Há meios históricos e também técnicos de se apurar ondas de calor do passado", afirmou Helen Chivers, especialista do instituto britânico. "A estimativa é absolutamente plausível."
Os efeitos da onda de calor espalham-se pela Rússia. De acordo com números oficiais, 52 pessoas morreram em razão dos incêndios florestais. Mais de 550 focos de fogo devastavam ontem matas em todo o país. Além de ameaçar povoados e plantações, as chamas também se aproximam de instalações estratégicas russas. Pelo menos duas bases militares tiveram de ser esvaziadas e uma usina nuclear está ameaçada. Combinados com o calor e a baixa umidade do ar, os incêndios jogam sobre as grandes cidades uma camada espessa de fumaça tóxica. No final de semana, a concentração de monóxido de carbono no ar chegou a ser seis vezes maior que o normal. Segundo o secretário de Saúde de Moscou, Andrei Seltsovski, desde o início da onda de calor o número de mortes na cidade subiu de uma média de 360 a 380 por dia para mais de 700.
"A possibilidade de a taxa de mortalidade dobrar é real diante desse cenário. No caso da Rússia, as mortes devem continuar enquanto a onda de calor não passar", disse, em Genebra, Diarmid Campbell-Lendrum, especialista da Organização Mundial da Saúde para mudanças climáticas. / Colaborou Jamil Chade, de Genebra

Para lembrar

Institutos de meteorologia da União Europeia dizem que a onda de calor que atinge a Rússia é parecida com a que afetou a Europa em 2003 e deixou mais de 35 mil mortos. Ela é causada por uma zona de alta pressão estacionária, que evita a circulação de massas de ar. Preparadas para o inverno, as residências russas não têm ar-condicionado e boa ventilação, o que piora os efeitos do calor.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100810/not_imp592822,0.php

China busca mais de 1,1 mil desaparecidos em deslizamentos
Mais de 330 pessoas morreram soterradas por causa das chuvas torrenciais no noroeste do país

Cláudia Trevisan
Correspondente / Pequim

O número de mortos por deslizamentos de terra ocorridos domingo no noroeste da China subiu ontem para 337 e era cada vez menor a possibilidade de localizar sobreviventes entre as 1.148 pessoas que continuavam desaparecidas.
Em um dos raros casos de sucesso do trabalho de busca, uma mulher de 74 anos foi retirada com vida dos escombros do edifício onde vivia, quase 40 horas depois de ele ser destruído pelo deslizamento provocado pelas chuvas torrenciais que atingiram a região no sábado.
Cerca de 6 mil bombeiros e soldados continuavam a escavar a lama à procura de sobreviventes. Durante o dia de ontem, foram localizados 210 corpos, o que elevou o número de mortos de 127 a 337.
Os deslizamentos ocorreram na cidade de Zhouqu, que tem 134,7 mil habitantes, 10% dos quais desapareceram em meio às tempestades do fim de semana. Pelo menos 45 mil moradores tiveram de ser transferidos para áreas vizinhas, onde foram abrigados em tendas.
O trabalho das equipes de resgate poderá ser prejudicado por novas chuvas que devem atingir a Província de Gansu nos próximos três dias, de acordo com a previsão do tempo.
Chove forte em várias regiões da China desde o mês passado, o que havia provocado a morte de 2.100 pessoas até sexta-feira. As tempestades deixaram 12 milhões de desabrigados e destruíram 1,4 milhão de residências. No entanto, nenhum desastre se compara ao soterramento ocorrido em Zhouqu.
A terra arrastada das montanhas cobriu cerca de 300 casas e soterrou parcialmente diversos edifícios. Na vila Yueyuan, 90% dos 500 habitantes morreram por causa das tempestades.
"Não estava chovendo muito forte na noite de sábado. Nós não sabíamos que as torrentes estavam descendo das montanhas", disse He Xinchao à agência oficial de notícias Nova China. "Antes que pudéssemos perceber o que estava acontecendo, nossa casa foi arrastada." Da família de 11 pessoas, apenas He e seu filho sobreviveram.
Cerca de um terço dos moradores de Zhouqu é de tibetanos, muitos dos quais escavavam a terra com as próprias mãos em busca de sobreviventes.
"Quase todas as famílias mandaram um homem jovem para participar das operações de resgate", afirmou o tibetano Guo Tsering, cuja mulher estava desaparecida.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100810/not_imp592823,0.php

OESP, 10/08/2010, Internacional, p. A18

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