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Roraima: os índios, os gafanhotos e o PT

Cimi-Brasília-DF
03 de Dez de 2003

Hoje o principal jornal do Amazonas, A Crítica, estampa manchetes que dão a dimensão da gravidade do que vem ocorrendo em Roraima. Na coluna do Panorama Político (pág. 2) trata "A Praga e o PT", se refere ao "escorregão perigoso no campo ético" que o governo Lula dá "com o inconcebível apoio da cúpula do PT ao governador de Roraima, Flamarion Portela". E informa que a polícia federal noticia que "houve aumento de gafanhotos a partir da posse de Flamarion, ainda antes da eleição, e talvez por causa dela". Nunca é demais lembrar que na época da entrada do governador no PT, em junho deste ano, foi noticiado na opinião pública que a entrada no partido dos trabalhadores se dava através da barganha com a não demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

No "Escândalo dos Gafanhotos" (pág. 5) o ex-deputado Bernardino Cirqueira disse aos delegados da polícia federal de que "só passou a fazer parte do esquema dos gafanhotos quando passou a dar apoio político a Flamarion". Segundo a Polícia Federal existem indícios de que o número de gafanhotos dobrou na gestão do atual governador. Hoje está prevista uma conversa de Flamarion com o chefe da casa civil, José Dirceu.

Já no caderno de "turismo" estampa uma página inteira (pág. C8) sobre "Um paraíso no extremo Norte", falando de "Uiramutã - a terra das cachoeiras roraimenses é selvagem e repleta de belezas escondidas nas suas mais de 80 quedas". A reportagem foi patrocinada pela prefeitura de Uiramutã, que está dentro da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, estando a criação do município sendo contestada na justiça, por se tratar claramente de uma manobra para dificultar a homologação da terra indígena. No início da matéria, após falar do paraíso de cachoeiras, fala que apenas 30 têm acesso e apenas três ou quatro estão abertas aos turistas, por que "a região vive um longo litígio de terras, o que coloca a maioria das quedas longe do alcance dos turistas, em território indígena".

E para completar estampa na pág. 7 o depoimento "Almeida denuncia máfia na Funai". Nela o ex-presidente do órgão reafirma a existência dentro da Funai de "grupos organizados que agem em favor de interesses de grupos econômicos, principalmente os ligados aos madeireiros e mineradoras".

Temos aí retratado um quadro de "pragas" que vão muito além de gafanhotos e seus criadores, que ultrapassam as fronteiras de um passado longínquo, mas que são muito atuais e se reproduzem nos diversos espaços dos governos municipais, estaduais e federal. Uma das principais vítimas dos gafanhotos tem sido os povos indígenas, que viram suas terras e recursos naturais sendo comidos por essas pragas.

Será necessário um trabalho intenso para uma completa identificação desse quadro e a conseqüente e coerente punição de todos os culpados.

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