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Rodoanel: secretário critica ONG

OESP, Cidades, p. C3
18 de Mai de 2005

Rodoanel: secretário critica ONG

Iuri Pitta

O governo do Estado vai contestar hoje, em documento apresentado ao Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema), os dados do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam) que levantam o risco de se reduzir à metade a capacidade da Represa Billings, com a construção do Trecho Sul do Rodoanel.
Segundo o secretário de Estado do Meio Ambiente, José Goldemberg, os índices usados pela organização não-governamental Proam estão incorretos e as previsões seriam "exageradas".
"Os dados da Emae (Empresa Metropolitana de Água e Esgoto) mostram que a Billings perdeu 10,9% da capacidade desde 1937, e não 25%, como eles acreditam", disse Goldemberg. A taxa anual de assoreamento da represa, segundo ele, é de 0,18%, o que levaria a uma redução de 20% da capacidade em 50 anos, e não 50%, como diz o Proam.
O secretário de Transportes, Dario Rais Lopes, vê conotação "política e não técnica", para as críticas ao projeto. "O Rodoanel não é um desastre nem uma panacéia. Há uma série de medidas previstas para compensar o impacto ambiental, como construção de barragens de contenção para impedir o assoreamento", afirmou. "Não vai resolver nem agravar o problema da Billings."
Não é o que pensam os ambientalistas. A coordenadora do Programa Mananciais do Instituto Socioambiental (ISA), Marussia Whately, argumenta que a região, responsável pelo abastecimento de água de 4,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo, já está no limite. "É preciso ter mais segurança para tomar uma decisão como construir o Trecho Sul", diz. "Fala-se que a estrada não terá acessos a não ser as rodovias já existentes, mas será que haverá fiscalização suficiente para isso ser mantido?", questiona. "O exemplo do Trecho Oeste, hoje, é de que ainda há muito a se fazer quanto ao passivo ambiental."
Ainda há duas audiências públicas a serem realizadas antes de a Secretaria do Meio Ambiente licenciar a obra, que será tocada pela Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa). Elas devem ocorrer após a divulgação de parecer do Ibama sobre a construção do Trecho Sul, prevista para o dia 10. O governo mantém a previsão de início das obras para o segundo semestre. Entidades ambientalistas acreditam que não estão sendo atendidas nas exigências que fazem.
Prefeitos de algumas das sete cidades que serão cortadas pelos 57 quilômetros do Trecho Sul - Embu, Itapecerica da Serra, São Paulo, São Bernardo do Campo, Santo André, Ribeirão Pires e Mauá - também consideram que poderiam ser mais ouvidos.
"Conseguimos que o traçado pegasse uma parte menor do Parque do Pedroso, mas não houve retorno em outras sugestões que fizemos", disse o superintendente do Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André (Semasa), Sebastião Ney Vaz Júnior. "Não somos contra o Rodoanel, mas precisamos ter cuidado com o impacto ambiental e habitacional."

Instituto defende mananciais desde 2003
AÇÃO: O Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam) foi criado em 2003 com o objetivo de discutir a sustentabilidade ambiental das metrópoles, com foco na preservação dos mananciais. Grande parte dos assuntos abordados pelos técnicos da entidade é a mesma do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), do qual o presidente da Proam, Carlos Bocuhy, também faz parte. A ONG já promoveu seminários em São Paulo e em Buenos Aires, debatendo o uso e a preservação da água.

OESP, 18/05/2005, Cidades, p. C3

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