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Rizicultores afirmam que pode faltar arroz em RR

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
03 de Dez de 2002

No acampamento no Centro, produtores recebem visitas e discutem estratégias

A manifestação dos rizicultores, na Praça do Centro Cívico, contra a área contínua da reserva indígena Raposa/Serra do Sol, poderá trazer reflexo direto na mesa do boa-vistense. Na tentativa de sensibilizarem a sociedade para o problema que eles vão enfrentar, as atividades das usinas foram suspensas e a expectativa é que falte arroz para entrega à rede distribuidora. A retomada do trabalho deverá acontecer após resposta livrando de ameaça os investimentos feitos nas lavouras.
O último lance envolvendo a demarcação da reserva aconteceu semana passada, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou ao Governo do Estado o pedido feito em mandado de segurança solicitando a anulação dos efeitos da Portaria no 820. Ao contrário, o STJ reconheceu o teor da medida dando aos indígenas o usufruto permanente da área de um milhão e 600 mil hectares, na qual estão localizadas várias lavouras de arroz irrigado.
Irresignado com a decisão, o produtor Luiz Afonso Faccio disse que as demarcações e ampliações de reservas indígenas que vêm sendo feitas pela Funai vão inviabilizar o Estado. Segundo ele, atualmente os setores agrícola e pecuário dispõem de apenas 4% das terras produtivas. "Isso é inconcebível. Acredito que mais de 70% da sociedade são contra esta situação".
Conforme Faccio, da forma como as coisas estão, com os produtores tendo que suspender as atividades tentando evitar um dano ainda maior, vai faltar arroz na cidade. "Não queremos prejudicar ninguém, mas vamos ficar assim até que haja uma solução. Estão querendo nos expulsar de nossas áreas produtivas e este é o retrato do que será o futuro do Estado", acrescentou.
O rizicultor Paulo César Quartiero entende que a classe produtiva está enfraquecida devido aos constantes golpes por falta de uma política agrícola para o Estado e governos passados que não funcionaram a contento. "Em contrapartida, vemos que a sociedade está madura. Entendemos que o Estado está numa encruzilhada: ou pega o caminho que todos queremos, do progresso e se transformar em orgulho para nós, ou ficará com o futuro comprometido".
No entendimento de Quartiero, os produtores não deveriam estar mobilizados na Praça do Centro Cívico, mas, aumentando a produção que hoje atende não só a Roraima, mas ainda as cidades de Manaus (AM) e parte do mercado paraense. "A função de defender o Estado é do governo. Ao Exército ver a soberania nacional. A Assembléia Legislativa deveria se fazer presente. Nossos representantes no Congresso Nacional é que deveriam estar mobilizados sobre a questão das terras. A nós cabe a tarefa de produzir a preço compatível e com qualidade", disse.
Conforme o rizicultor, o próximo ano poderá apresentar uma crise na produção de alimentos em todo o país. Afirmou que no Rio Grande do Sul choveu em excesso e a produção de arroz está prejudicada. Com a seca no Mato Grosso, a safra, essencialmente a de milho, foi perdida.
"Há dois meses, a Conab [Companhia Nacional de Abastecimento] fez o último leilão de arroz. Os estoques dela acabaram. Não temos arroz, feijão, trigo e principalmente milho, base para a produção de granjeiros. Em vez de estarmos aqui, deveríamos estar em nossas lavouras, produzindo mais para evitar um colapso no abastecimento local", disse Quartiero, admitindo que poderá faltar arroz na cidade.

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