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Ritual de Iniciação Karajá: o Hetohoky

Folha do Tocantins-Palmas-TO
22 de Mar de 2002

Uma comunidade escondida no seio da floresta às margens do rio Araguaia guarda, até hoje, riquezas ímpares dos povos indígenas brasileiros. Os índios Karajá, da aldeia Fontoura na Ilha do Bananal, são um símbolo da força e determinação que perduram ao tempo e ao progresso sem deixar morrer suas origens. Uma das grandes riquezas da cultura desse povo é a festa de Hetohoky, que representa a passagem da infância para a vida adulta dos meninos da comunidade. A festa encerrou no último dia 19, na aldeia, e reuniu diversas tribos da Ilha somando mais de mil índios.

Os pequenos Ixenoá e Haruky foram as atenções da manifestação. Com as idades de 13 e 10 anos eles estão sendo iniciados pelos homens adultos da aldeia na maioridade. Cores, ritmos e sons atraem a multidão que acompanha com respeito todos os rituais. Cada detalhe das roupas, dos ritmos, dos cânticos têm um significado para suas existências. As penas coloridas dos cocás, saiotes de palha de buriti e as pinturas extraídas do urucum e jenipapo pelo corpo e rosto representam a alegria dessa manifestação comunitária. Evocar os espíritos da natureza durante os rituais é motivo de orgulho para os membros masculinos da aldeia. Manifestações como as danças da ariranha e aruanã são apresentadas durante o Hetohoky.

Há um mês as crianças vêm sendo preparadas para o Hetohoky. Nesse período foram para a floresta acompanhados dos adultos, onde pescaram, caçaram e aprenderam a valorizar os bens da natureza de onde a aldeia tira o sustento para as famílias.

Mas a iniciação não termina aí. Eles ficam ainda por um período de uma semana presos numa casa de nome Hetohoky onde não podem sair e nem receber visitas nem de mulheres e crianças. De lá só saem para tomar banho e ainda assim acompanhados e vigiados. Só alcançam de fato a maioridade após dois anos de diversos rituais.

A secretária Estadual de Cultura, Kátia Rocha, que, a convite dos Karajá, foi à aldeia na última quarta-feira para o Hetohoky, considera a festa de fundamental importância para o povo indígena da Ilha por proporcionar um intercâmbio entre as tribos Karajá. A Secult (Secretaria Estadual de Cultura) financia a alimentação da festa e incentiva as manifestações diversas dos índios como forma de preservar sua cultura. Kátia Rocha considera um dos grandes papéis da Secretaria na comunidade resgatar a história do povo Karajá e não deixá-la morrer.

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