VOLTAR

Risco maior de incendio

CB, Cidades, p.24
10 de Ago de 2004

Risco maior de incêndio
Fogo no Parque Nacional chega perto das piscinas naturais. Dono da Chapada Imperial pede que queimada na reserva seja investigado

Ary Filgueira e Carolina Caraballo Da equipe do Correio

Uma das áreas ambientais mais visitadas pelos brasilienses, o Parque Nacional de Brasília, conhecido como Água Mineral, foi atingida pela queimada, ontem. Os bombeiros chegaram ao local dez minutos depois de o fogo ter sido apagado por funcionários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Eles culparam o excesso de ocorrências no dia pelo atraso. De acordo com Elmo Monteiro, diretor do parque, a área destruída é menor do que um campo de futebol.
Apesar de pequeno, o foco de incêndio preocupou os bombeiros. Uma das piscinas naturais do parque estava a apenas 200m das labaredas. Além disso, as chamas estavam muito altas, com cerca de três metros de altura, correndo o risco de atingir os fios de alta-tensão. Monteiro calcula que 200 pessoas estavam no parque na hora. Ninguém correu risco. O fogo estava do lado de fora das cercas, garantiu.
O incêndio começou por volta das 15h30. Às 16h, foi controlado por cerca de 20 agentes do Ibama, que usaram abafadores e bombas-costais equipamento semelhante a uma mochila, que lança jatos dágua através de uma mangueira. De acordo com o agente de fiscalização do Ibama, Francisco Alexandre da Costa, as causas ainda são desconhecidas. Lata, garrafa, vidro. Qualquer desses objetos, em contato com o calor, pode deflagrar um incêndio, disse Francisco.
Ao todo, ontem, foram 18 incêndios. Segundo o chefe da Comunicação Social do Corpo de Bombeiros do DF, Rogério Santos Soares, o número não é muito grande. Na semana passada, chegamos a ter 34 em um mesmo dia, afirmou. O problema, de acordo com o major, são as distâncias. Deslocamos nossa equipe para o DF inteiro.
Na tarde de ontem, Marcelo Imperial, um dos donos da reserva ecológica Chapada Imperial foi à Delegacia do Meio Ambiente (Dema) registrar ocorrência. Para ele, o fogo que destruiu metade dos 4,8 mil hectares da chapada entre a manhã de sexta-feira e a noite de sábado não teve causa natural. A área é considerada a maior reserva de fauna e flora do Distrito Federal.
Sei que a auto-combustão do cerrado só acontece no auge da seca, no final de agosto. A temporada agora ainda é fria, com uma umidade não tão baixa, explica Marcelo. Ele apontou três hipóteses para o incêndio. O fogo seria obra de algum lavrador em busca de local para plantar milho. Ou de um caçador, procurando atrair os animais que se alimentam dos brotos que crescem depois do incêndio. Alguma pessoa também pode querer desapropriar a área alegando maus cuidados, afirma.
Marcelo teme que a polícia demore demais para começar as investigações. E que as possíveis pistas sejam apagadas por fatores naturais, como o crescimento das plantas e o orvalho. Segundo a agente de polícia da Dema Rejane Carvalho Pinheiro, o delegado chefe mandará uma equipe à reserva. Só não podemos prever quando. Existe uma fila de ocorrências, explica.
O incêndio não afetou a infra-estrutura da Chapada Imperial, bem como as trilhas ecológicas, que continuam intactas. Marcelo ressalta que agora, mais do que nunca, as visitações serão importantes. Precisamos de verba para recuperar a área perdida, justifica. O pacote para conhecer a reserva que inclui ingresso, passeio com guia especializado em educação ambiental e almoço custa R$ 40 por pessoa.

CB, 10/08/2004, p. 24

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.