VOLTAR

Risco energético

O Globo, Opinião, p. 6
05 de Nov de 2006

Risco energético

As contas externas já não são um limitador do crescimento econômico no Brasil, e em breve as taxas de juros também deixarão de sê-lo. Mas as finanças públicas como um todo continuam como um fator de constrangimento, não só porque obrigam a economia a conviver com pesada carga tributária, como diminuem a capacidade de investimento das empresas e do próprio governo.

Em vários segmentos da infra-estrutura já se pode dizer que há um sinal de alerta ligado. Se a economia brasileira voltasse a crescer em ritmo mais acelerado talvez o sistema de transportes não pudesse escoar a produção em condições satisfatórias.

Mas o maior risco sem dúvida está na área de energia elétrica. As conseqüências negativas de um racionamento estão frescas na memória dos brasileiros. O processo de recuperação econômica em 2001 teve de ser abortado, pois o consumo de energia precisou ser contido nas residências, nas indústrias e no comércio.

O racionamento foi causado pela queda rápida do nível dos principais reservatórios. Nos anos que o antecederam, as chuvas foram insuficientes para repor a água armazenada nos reservatórios, e o país não contava ainda com fontes alternativas às hidrelétricas.

Desde então, as obras de várias termelétricas foram concluídas, porém não existe gás natural disponível para acioná-las simultaneamente. A alternativa nuclear foi desprezada e deixou-se de retomar as obras de Angra 3 (cujo prazo de construção está estimado em cinco anos).

O Brasil tem uma capacidade instalada no setor elétrico que permitiria um crescimento mais expressivo da economia até o fim da década, se os índices pluviométricos nas regiões que abrigam os maiores reservatórios de hidrelétricas se mantiverem dentro da média dos últimos anos.

Pelo sim, pelo não, autoridades e empresas do setor deveriam tomar providências que possibilitem à economia atravessar o período mais critico ( 2008 e 2009) mesmo diante de condições hidrológicas que possam ser desfavoráveis. Não adianta contar com uma energia de usinas hidrelétricas ou térmicas que não ficarão prontas até lá.

O Globo, 05/11/2006, Opinião, p. 6

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.