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Riquezas da biodiversidade desperdiçadas no Estado

A Crítica - www.acritica.com
Autor: Gerson Severo Dantas
12 de Set de 2010

Que o Amazonas não produz o que come, todo mundo já sabe, mas uma coisa que poucos sabem é que temos produtos agrícolas com as mesmas qualidades dos que importamos e são simplesmente ignorados por órgãos de fomento à agricultura, produtores e consumidores. Taioba, ariá, murici, bacuri, sorva, sapota, pajurá e tantas outras especíes da nossa biodiversidade são simplesmente desprezados e, pior, desperdiçados.

"Está na hora de pararmos de falar da riqueza da biodiversidade e não aproveitar nada disso. De que adianta ter a riqueza e não usá-la", questiona o professor do Instituto Federal de Educação Tecnológica (Ifam) zona Leste, Valdely Ferreira Kinupp.

Especialista nas chamados Plantas Alimentícias Não-Convencionais, as Pancs, Valdely Kinupp afirma que a Amazônia está cheia deste tipo de alimento esperando por desenvolvimento de pesquisas, fomento e produção.

Um dos casos destacados por ele o do ariá, um tubérculo que substitui a batata portuguesa (ou inglesa) e tem valor nutritivo equivalente e praticamente o mesmo gosto. O ariá, aos poucos vai sendo introduzido nas feiras de produtos orgânicos realizadas em Manaus (existe uma no Centro de Instruições de Guerra na Selva, Cigs, e outra no Ministério da Agricultura). Kinupp diz que pequenos produtores levam a "batata" amazônica e vendem tudo, demostrando que o sabor agrada o consumidor.

"Falta disseminar essa cultura, fomentar o produtor, a Sepror ou o Idam desenvolver mudas, sementes, distribuí-las, e o consumidor encontrá-la nas grandes redes de supermercados", analisa.

Economia
Kinupp também destaca que a opção pelo tubérculo amazônico significaria economia de preço, pois com tecnologia e produção abundante ele seria comercializado por preços bem inferiores ao da batata, que em algumas épocas chega a custar R$ 7,00 o quilo. Sobre o paradoxo de ter uma grande diversidade e usá-la pouco, Kinupp lembra que o caso de produtores rurais no Amazonas que estão produzindo rúcula, um vegetal folhoso que há pouco chegou ao Estado e vem sendo introduzido na dieta do amazonense, assim como aconteceu com o brócolis.

Há outros exemplos, como o rabutã, uma frutinha de origem asiática já produzida em pequena escala no Amazonas, e o none, uma febre entre adeptos da medicina natural. "Nossos agricultores estão plantando produtos de fora porque têm sementes disponíveis e esses produtos são vendidos em grandes redes", analisa.

No Ifam, antiga Escola Agrotécnica, da zona Leste de Manaus, Kinupp diz que já existem cultivos experimentais de ária, cuja produção é vendida na cooperativa dos alunos, taioba e produtos mais tradicionais, como o cará, mas na modalidade orgânica.

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