VOLTAR

Rio Paraguai o caminho ao mar

Diário de Cuiabá-Cuiabá-MT
Autor: EDUARDO GOMES
16 de Jan de 2003

A secular hidrovia Paraná-Paraguai foi a porta de entrada para a colonização de Mato Grosso

Em Cáceres, comboio transportando grãos singra as águas do rio Paraguai rumo ao litoral

Representantes da Bolívia e do Peru reuniram-se ontem, em Cuiabá, com autoridades e empresários mato-grossenses em busca de informações sobre a hidrovia Paraná-Paraguai, com 3.442 km navegáveis de Cáceres a Nueva Palmira, no Uruguai.

Para o capitão da Marinha Mercante da Bolívia, Oscar Encinas, a reunião foi, "Uma oportunidade para se inteirar da vontade de Mato Grosso operar a hidrovia". Encinas, que vive num país sem litoral vê na navegação fluvial a melhor alternativa para o intercâmbio comercial internacional. "Necessitamos de saídas para o mar. No caso do Atlântico, o caminho natural e secular é o rio Paraguai", observou.

O empresário Reynaldo Paz, da Central Portos, de Lima, no Peru, veio a Cuiabá, "observar" a disposição do Brasil sobre a hidrovia. "Ela (hidrovia) pode funcionar como via de penetração do litoral a Cáceres, de onde o transporte se completaria até meu país por rodovias", analisou.

A ligação do Centro-Oeste com o litoral pelos rios Paraná e Paraguai é também conhecida como hidrovia do Mercosul, por interligar o Brasil, Bolívia, Peru, Uruguai e Argentina. "Somos signatários de um compromisso internacional regulamentado internamente pelo Decreto 2.716, de 10 de agosto de 1998, pelo qual o Brasil e as demais nações da Bacia do Prata se comprometem a utilizar os cursos dos dois rios para atividades comerciais", explica o vice-presidente da Federação das Indústrias (Fiemt), Adilson dos Reis.

A hidrovia foi a principal porta da colonização de extensa região da América do Sul. "Além de seu legado histórico, ela agora tem relevante papel na área econômica", argumenta Adilson. Na safra passada ela escoou 160 mil toneladas de soja mato-grossense para a Ásia, com transbordo do produto na Argentina. Esse volume - acredita o dirigente da Fiemt - poderia ter sido maior. Porém, diante da crise econômica que se abateu sobre os argentinos, houve retração na operacionalização dos portos daquele país.

Organizações internacionais questionam a utilização da hidrovia alegando que ela comprometeria o Pantanal. Dentre seus opositores encontram-se siglas conhecidas internacionalmente a exemplo do WWF (World Wide Fund for Nature) instituição fundada em 1961, na Inglaterra, por estrategistas britânicos do Real Instituto de Assuntos Internacionais.

Do outro lado da polêmica, defendo a navegação, empresários sustentam que o rio Paraguai pode ser operado em corrente livre, por não necessitar de eclusas que interfeririam em sua geometria e vazão. "Do ponto de vista ambiental não se recomenda intervenção nos leitos dos rios. E é isso que acontece com o Paraguai, onde se faz apenas dragagem de manutenção", explica Adilson.

A navegação comercial operada atualmente no rio Paraguai é feita por comboios com capacidade para 5 mil toneladas, nas águas altas (de dezembro a junho), que coincide com a safra de grãos brasileira; e 3 mil toneladas, nas águas baixas (de julho a novembro). Os dois terminais portuários de Cáceres podem embarcar juntos, 950 toneladas

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.