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Ribeirinhos discutem uso de recursos naturais em reserva no Amazonas

Agência Brasil
Autor: Amanda Mota
22 de Abr de 2008

Representantes de 30 comunidades ribeirinhas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Piagaçu-Purus iniciaram hoje (22) um ciclo de cinco reuniões que contarão com a participação do poder público municipal e estadual, a fim de discutir o zoneamento da região e, com isso, definir as regras para o uso racional dos recursos naturais, sobretudo o pescado.

A reserva existe desde 2003, está localizada em área central do estado, perto dos municípios de Beruri, Anori, Tapauá e Coari, e tem cerca de 800 mil hectares. A expectativa é de aproximadamente 2 mil pessoas participem das reuniões.

De acordo com Gelson Batista, especialista em manejo de recursos pesqueiros, a preocupação com o uso racional dos recursos naturais da reserva "é acentuada nesta época do ano, quando a região é 'invadida' por pescadores comerciais que podem desconhecer os desrespeitar os períodos de reprodução e desova dos peixes lá existentes, como jaraqui e matrinxã".

As reuniões, explicou, buscarão viabilizar, a médio e longo prazo, a definição de um plano oficial que deverá ser validado pelo governo estadual: "Só assim é possível impedir a ação irregular na área da reserva. Com esse documento, as áreas de preservação estarão bem definidas, bem como onde podem ocorrer a pesca de subsistência e a comercial, por exemplo."

Um dos responsáveis pela reunião de hoje, o engenheiro de pesca José Gurgel, do Instituto Piagaçu – organização não-governamental que atua na reserva buscando aliar o saber tradicional aos conhecimentos técnicos para o desenvolvimento sustentável –explica que o objetivo é consolidar o plano de gestão, levando em consideração o diagnóstico da situação realizado pelo instituto com o apoio das colônias de pescadores.

Ele lembrou que também serão realizadas reuniões para escolha dos membros da população local que comporão o conselho gestor da reserva. "O plano que irá definir as regras de uso da reserva deve conter também o diagnóstico da situação da área e o conjunto de regras em si. Tudo isso tem que ser aprovado pelo conselho gestor da reserva. Esse conselho, que deve ser deliberativo, está em construção atualmente. Até o fim do ano espera-se que o grupo esteja definido e que já tenhamos o plano de gestão para submeter à análise desse conselho", informou.

As unidades de conservação no Amazonas estão sob a responsabilidade do Centro Estadual de Unidades de Conservação (Ceuc) que, no caso da RDS Piagaçu Purus, dividiu a tarefa das pesquisas sobre a localidade com o Instituto Piagaçu, a fim de coletar as informações necessárias à elaboração do plano.

"Esperamos sair dessas reuniões setoriais com pelo menos um plano de gestão para o uso dos recursos pesqueiros bem adiantado. Daí poderemos fazer vários encaminhamentos para trabalharmos em busca da consolidação das regras de uso sustentável da reserva", concluiu Gurgel.

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