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Ribeirinhos aproveitam chuva para abastecimento de água no AM

Portal Amazônia - http://portalamazonia.globo.com
Autor: Joyce Karoline
09 de Out de 2010

Ribeirinhos de comunidades distantes começam a ser beneficiados com água da chuva para ter acesso ao abastecimento de água no interior do Amazonas. O aproveitamento, captação, armazenamento, tratamento e utilização de água, faz parte do Programa de Melhorias Sanitárias Domiciliares, Aproveitamento e Armazenamento de Água da Chuva (Prochuva), desenvolvido pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS).

O Programa elaborado em 2006 consiste na instalação e distribuição de kits compostos de calhas, tubulações, conexões de PVC e reservatórios de água de 500 litros. O objetivo é auxiliar pessoas que residem em áreas afetadas pelas secas dos rios e para os ribeirinhos que não possuem poços artesianos ou nenhum tipo de sistema de captação de água. A execução do projeto acontece prioritariamente nas 41 Unidades de Conservação do Amazonas (UC's) espalhadas pelo Estado.

Segundo o coordenador do Programa, Paulo Cabral, os kits do Prochuva foram instalados em 1.839 sistemas familiares, 108 sistemas comunitários, em 77 comunidades localizadas em 15 municípios das calhas dos rios Purus, Solimões, Amazonas e Madeira, beneficiando 9.413 pessoas.

"É sempre importante lembrar que o aproveitamento de tecnologias locais é um dos esteios da sustentabilidade. A coleta de água da chuva é uma prática comum das populações ribeirinhas do nosso estado. Aliamos a prática com a aplicação de tecnologia de construção e de materiais, como por exemplo, o reservatório, que deixou de ser um "camburão" de ferro que trazia problemas de ferrugem, para ser utilizada uma caixa de fibra de vidro. Outro exemplo é a calha, que deixou de ser uma folha (telha) de "flange" (alumínio) dobrada e amarrada no beiral da casa e passou a ser uma calha de chapa galvanizada pintada e presa ao beiral por meio de hastes de sustentação", explicou Cabral.

Montagem da Cisterna

O sistema de captação e armazenamento de água de chuva é constituído por: calha, tubulação e conexões de 75 milímetros, reservatório em fibra de vidro, torneira e separador de resíduos sólidos. O custo unitário estimado das Cisternas Familiares é de R$ 610 enquanto a comunitária é de R$ 4.765 - incluindo montagem e todas as despesas de transporte e capacitação.

Antes da cisterna, a população utilizava, inclusive para consumo humano, água de fontes inadequadas: rio, igarapés, cacimbas. Atualmente, a água de chuva é usada para consumo humano, principalmente, durante a vazante.

A proposta resultou na diminuição das doenças de veiculação hídrica em homens, mulheres e crianças, além do aumento do tempo investido na produção (geração de renda), cuidado com a casa, com os filhos e outros afazeres domésticos.

"A primeira fase do Programa já foi concluída e, recentemente, a Funasa, o agente financiador do programa, autorizou a ampliação de suas metas, prevendo-se o atendimento a mais 334 novas moradias. A expectativa é que possamos voltar a instalar os novos sistemas até o final deste ano", contou Paulo Cabral.

Existem dois tipos de instalação dos sistemas utilizados pelo Prochuva:

1- Sistema Domiciliar: Este é instalado em residências localizadas em terra firme ou várzeas, com caixas de 1.000 litros. Já em casas flutuantes os reservatórios são de 500 litros.

2- Sistema Comunitário: É instalado em escolas, centros comunitários, igrejas ou postos de saúde, e que tem como objetivo dispor de água da chuva quando em períodos de estiagem. As comunidades que possuíam acima de 19 moradias foram contempladas com duas caixas de d'água de 5.000, e com número menor de residências com um reservatório de mesmo volume.

Transporte da Cisterna

A cisterna e demais acessórios são transportados, preferencialmente, por via fluvial até as comunidades, juntamente com um instrutor capacitado pelo Prochuva. A comunidade é mobilizada no sentido de participar do processo de instalação das cisternas.

Segundo o coordenador do programa, os relatos dos moradores das comunidades não deixam dúvidas quanto aos benefícios gerados, especialmente pela qualidade da água, que após coletada, passa pelo processo de filtragem. Cada moradia recebe um filtro de cerâmica e um frasco de hipoclorito. Os comunitários também participam de oficinas de educação em saúde.

Moradia

As estruturas das casas com cobertura de palha foram substituídas por telhas de alumínio que facilita a queda da água e minimiza o carregamento de resíduos para o reservatório. O processo é realizado através do filtro de descida, que coleta a água proveniente do telhado, filtra e direciona para a tubulação e ao reservatório.

"No seu interior existe um cartucho que faz com que a sujeira áspera e fina, bem como as folhas, insetos etc, sejam levados pelo canal de drenagem. A água filtrada passa pela tela de um filtro fino que possui uma granulometria de 0,28 milímetros, sendo, então, direcionada para a caixa d'água. O índice de aproveitamento, segundo o fabricante, é de mais de 90% da água que vem do telhado.", enfatizou o coordenador do Prochuva.

O equipamento será instalado nos próximos dias, em uma moradia beneficiada pelo Programa de Melhorias Sanitárias Domiciliares Aproveitamento e Armazenamento de Água da Chuva.

"Esta moradia esteve incluída na pesquisa, que analisou a qualidade da água coletada pelos sistemas, para que possamos fazer a comparação dos dados obtidos e repassar à empresa fabricantes deste equipamento", concluiu Paulo Cabral.

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