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Revoltados com demora, Terenas fecham rodovia durante 5 horas

Diário de Cuiabá-Cuiabá-MT
Autor: Alberto Dini e Anselmo Carvalho Pinto
28 de Jul de 2001

Eles protestaram contra impasse na desapropriação de fazenda, que deverá ser transformada em reserva

Dezenas de índios terenas interditaram ontem a BR-163, próximo a Rondonópolis, do meio-dia às 17 horas, causando um congestionamento de aproximadamente 15 quilômetros na rodovia. Só saímos daqui para a terra ou debaixo da terra, disse o cacique Milton Rondon, que liderou o ato.

Segundo Milton Rondon, a manifestação só será suspensa quando se formalizar a regularização da situação da fazenda Mirandópolis, no município de Juscimeira, a 150 quilômetros de Cuiabá.

A compra da fazenda havia sido prometida em março deste ano, depois que a rodovia foi fechada por quatro dias e jornalistas foram feitos reféns. O prazo para regularização dos documentos venceu nesta segunda-feira.

Durante a tarde, o clima ficou extremamente tenso, e só por muito pouco não houve confronto entre os terenas e um grupo de caminhoneiros. A Polícia Rodoviária Federal tentou intermediar um acordo mas teve muitas dificuldades. Alguns caminhoneiros chegaram a afirmar que pagavam seus impostos para a polícia proteger índio.

Temendo que houvesse um conflito com caminhoneiros, a Polícia aumentou o efetivo no local da interdição, a cerca de 10 quilômetros de Rondonópolis. Muitos estavam com mercadoria perecível, disse o patrulheiro Francisco Lima Lucena. Por isso, estavam extremamente bravos. No começo da noite, a rodovia foi liberada. Segundo Milton Rondon, a BR-163 será novamente fechada às 6h da manhã deste sábado.

HISTÓRIA - Os índios vieram de Mato Grosso do Sul no início da década de 1980, quando foram expulsos de sua reserva, em Dourados. Desde 1998, tentam conseguir uma área onde possam erguer sua aldeia. Durante um ano, os terenas permaneceram acampados na fazenda Campo Novo, de onde foram despejados em julho do ano passado por ordem judicial. Desde aquela época, o grupo está acampado na localidade de Lago Azul, à beira da rodovia.O administrador da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Rondonópolis, José Miranda, afirmou que a demora em se resolver o impasse dos terenas se deve a questões burocráticas.

O processo de desapropriação estava em fase de vistoria. Mas o problema é que os técnicos constaram que a fazenda é produtiva. Então esse processo de desapropriação terá que ser transformado em um de aquisição, disse Miranda. Em viagem para Brasília, o superintendente do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Francisco José Nascimento, não foi localizado pela reportagem.

Segundo o cacique Milton Rondon, hoje a manifestação deverá ser fortalecida pela presença de membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), de Juscimeira. Os sem-terra também querem parte da fazenda Mirandópolis, que tem aproximadamente 10 mil hectares.

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