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Revolta para obra da usina de Belo Monte

O Globo, Economia, p. 25
13 de Nov de 2012

Revolta para obra da usina de Belo Monte
Trabalhadores não aceitaram reajuste de 11%. Houve depredação

CÁSSIA ALMEIDA
cassia@oglobo.com.br
HENRIQUE GOMES BATISTA
henrique.batista.@oglobo.com.br

A revolta nos canteiros de obras da usina de Belo Monte no fim de semana parou os trabalhos. Segundo sindicalistas, a empresa está mandando para casa os cerca de 15 mil operários, depois que alojamentos, lojas, refeitórios e escritórios foram parcialmente destruídos. Segundo Emiliano Oliveira, representante da central sindical Conlutas, que desde de julho acompanha o movimento dos trabalhadores, os operários tomaram as máquinas e dominaram os canteiros, expulsando pessoal de escritório, de segurança e do sindicato que representa os operários de Belo Monte, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada no Pará (Sintrapav-PA):
- Os trabalhadores se revoltaram contra o sindicato que defendeu essa proposta. Não houve assembleia para definir as reivindicações. E a empresa não quer negociar com uma comissão de trabalhadores.
O Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) confirmou a paralisação dos trabalhos e disse, por meio de nota, que houve "quebra-quebra no refeitório, por volta das 23h de domingo". Segundo a nota do consórcio, "o grupo esvaziou extintores de incêndio dos alojamentos, depredou cinco condomínios e ateou fogo em um ônibus, na lanchonete, em carpas (alojamentos pioneiros) e em colchões". O consórcio afirmou que sete pessoas ficaram ferida e que fez registro nos órgãos de segurança.
Segundo Roginel Gobbo, vice-presidente do Sintrapav-PA, ligado à Força Sindical, o tumulto começou no sábado, depois que foi levada a proposta do consórcio de reajuste:
- Eles não aceitaram e um grupo de encapuzados começou a destruir o local. Estávamos, inclusive, com proposta de greve, mas não foi preciso porque a empresa parou a obra - afirmou Gobbo.
A reivindicação dos trabalhadores era de reajuste de 33% para a maioria dos operários, os chamados nominados (carpinteiros, mecânicos e outros) e de 15% para o restante. Além disso, pediam que a visita à família fosse de três em três meses. Na obra, a folga é a cada seis em seis meses. A empresa ofereceu 11% para os trabalhadores nominados e 8% para o restante. Gobbo afirma que houve assembleia em setembro e que eles também não aceitam a proposta de 11%.

O Globo, 13/11/2012, Economia, p. 25

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