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Reunião em solidariedade aos Tremembés de Itapipoca

O Estado - www.oestadoce.com.br
06 de Ago de 2008

Indígenas são contrários a construção do Nova Atlântida em suas terras

Ontem foi realizada uma reunião com algumas associações em defesa dos índios, no Cedeca. Esta foi uma forma de socialização por suas causas. Um encontro de todas as etnias do Ceará foi sugerido pelos participantes. Devido à construção de um mega empreendimento denominado Nova Atlântida, em Itapipoca, impactos ambientais teriam sido constatados em dunas, nascentes, riachos, lagos, manguezais e nas áreas utilizadas pelos índios Tremembés.

O empreendimento propõe ser o maior complexo turístico residencial do mundo. Incluindo cerca de 30 hotéis de luxo, zonas residenciais de alto padrão e sete campos de golf. Porém, desde 2004, uma liminar em Ação Civil Pública foi dada pelo Ministério Público Federal a favor dos índios que moram na região, o que segundo eles intensificou uma perseguição contra a tribo e também não intimidou os empresários espanhóis com o início de obras na estrada que passa pela comunidade. Os tremembés reivindicam a criação de um grupo de trabalho para a identificação oficial das terras.

O geógrafo Jeovah Meireles foi um dos que denunciou o impacto ambiental do empreendimento naquela área. Através de pesquisas também constatou a relação da comunidade com aquele espaço. Memórias fortes de um lugar sagrado para eles.

Segundo os índios Tremembés da região, que estão com uma campanha denominada "Nossa terra é nossa mãe", alguns velhos índios estão renegando as suas origens por dinheiro. A miséria em que estes vivem e a falta de sustentabilidade são os principais fatores dessa negação. O conflito acaba proporcionando a fragmentação. É o que Jeovah Meireles justificou por conta de uma invisibilidade histórica.

De acordo com a gerente geral da Associação Missão Tremembé, Maria Amélia Leite, na época da colonização existiam no Ceará 42 povos indígenas. Hoje esse número caiu para 16.

Ainda segundo Maria Amélia Leite, o Ministério Público Federal contestou o licenciamento do empreendimento pela existência da tribo na região e por essas terras serem na União. "Porém, o Governo renega esse processo normal. São os poderes fortes sobre as comunidades carentes. O Estado tem tratado esses povos com hostilidade. O grande lance desse Governo é produzir turismo", afirmou.

Para o presidente da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece), Antônio Balhmann, o Governo tem o objetivo de proteger a cultura. "Tudo é feito participativamente. O desenvolvimento é para a comunidade e não contra ela", falou.

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