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Réu diz ter intermediado pagamentos a almirante

OESP, Política, p. A12
28 de Abr de 2016

Réu diz ter intermediado pagamentos a almirante

Idiana Tomazelli / RIO

Sócios das empresas CG Consultoria e JNobre Engenharia e Consultoria admitiram ontem, em audiência no Rio, terem atuado como intermediários para que o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva recebesse dinheiro da Andrade Gutierrez quando presidia a Eletronuclear. Othon é acusado de receber propina pelas obras da usina nuclear de Angra 3.
Carlos Gallo, dono da CG, e Josué Augusto Nobre, da JNobre, são réus na primeira ação da Lava Jato que investiga o setor elétrico. Além deles, foi ouvido ontem Geraldo Toledo Arruda Jr., sócio da Deutschebras Engenharia. Ele negou ilegalidades, disse que prestou serviços para a Andrade Gutierrez e disse que usou o dinheiro para quitar dívidas antigas com Othon, que fora seu sócio na Deutschebras entre 1997 e 2000.
Em audiência aberta na 7.a Vara Federal Criminal do Rio, Gallo disse que recebeu R$ 3 milhões por meio de três contratos com a empreiteira, dinheiro repassado quase integralmente à Aratec Engenharia, empresa de Othon. "O dr. Othon, em 2008, disse que tinha feito um serviço para a Andrade na área de energia, anterior a ele como presidente da Eletronuclear. Como ele foi nomeado e o serviço não havia sido cobrado, ele perguntou se eu poderia, através da minha empresa, receber esse dinheiro para ele", relatou Gallo.
O contrato para a retomada das obras de Angra 3 foi assinado em 2008. A data é apontada por ex-executivos da Andrade
Gutierrez que firmaram acordo de delação como o marco inicial das propinas relativas à usina.
Amizade. Gallo disse que aceitou o negócio em função da amizade com Othon e da promessa de ser parceiro dele em projetos futuros. Na Aratec, o contato era Ana Cristina Toniolo, filha de Othone sócia na empresa do pai.
Em 2012, a JNobre assumiu a função de intermediária dos pagamentos por indicação de Gallo. A empresa recebeu R$ 1,4milhão, dos quais cerca de R$ 800 mil foram repassados à Aratec, empresa do almirante. "Eu sabia que empresa não prestaria nenhum serviço à Andrade Gutierrez, nem contrataria serviço da Aratec. Era só para fazer o dinheiro andar. Mas não sabia que era dinheiro sujo", disse Nobre.
Ontem, o sócio da Deutschebras foi o único que declarou inocência. A advogada Ana Beatriz Saguas, que defende Ana Cristina, afirmou que os depoimentos confirmam que a filha de Othon apenas secretariava o pai. "Ela não teve participação ativa", disse. A defesa de Othon não quis se manifestar. Procuradas, Andrade Gutierrez e Eletrobrás não comentaram.

OESP, 28/04/2016, Política, p. A12

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