VOLTAR

Restrição protege índios e animais

A Crítica-Manaus-AM
27 de Fev de 2002

"Essa história criada pelo senador Mozarildo Cavalcante é uma forma de fazer palanque. Ele não tem assunto e começa a inventar fato político", critica o coordenador do programa Uaimiri-atroari, Porfírio Carvalho, com uma resposta da comunidade indígena. Para poder defender a chamada restrição seletiva do uso da BR-174, nos 125 quilômetros que passa dentro da terras dos índios, o indigenista retoma a história do fechamento total da área, quando o 6o BEC era responsável pela construção e controle do local. Naquela época, a partir das 18h não passava ninguém, nenhum tipo de veículo. "Hoje, os ônibus de passageiros - cerca de 18 por noite -, veículos com carga perecível, viagens de emergências com pessoas doentes ou acidentadas passam normalmente", explica Carvalho. Segundo ele, a média de carros por dia é de 200, enquanto ficam retidos, durante à noite, apenas oito com cargas não-perecíveis, madeira "contrabandeada" e veículos de passeio. Ele conta que quando o Exército deixou de controlar a BR-174 (1970 a 1999), o comando chamou os índios e os coordenadores para saber se eles queriam continuar com a interrupção do tráfego noturno. A comunidade aceitou e a direção do programa Uaimiri-atroari concordou porque essa restrição seletiva do uso da rodovia, segundo Porfírio Carvalho, beneficia os índios - que têm medo de um ataque por grupos de extermínio. Na década de 70, quando foi iniciada a construção da Manaus-Boa Vista, a população indígena era de 1,5 mil pessoas. Em 1987, restavam apenas 374 índios. "Houve uma dizimação dessa população", declara Porfírio de Carvalho, que credita ao trabalho do programa o aumento da comunidade, hoje, com 915 índios. Há ainda uma preocupação com a fauna silvestre. A maioria dos animais tem hábitos noturnos, fazem a reprodução e o intenso tráfego à noite causa estresse e quebra o ciclo de vida natural das espécies. Os fiscais também ajudam a socorrer os que ficam doentes no trecho que passa pelas terras indígenas.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.