VOLTAR

Reservas têm desmate perto de rio

OESP, Vida, p. A19
18 de Jul de 2008

Reservas têm desmate perto de rio
Agricultura familiar contribuiu para devastação em área preservada no Acre, de acordo com dados do Sipam

Liège Albuquerque

As reservas florestais e indígenas no Acre estão sendo desmatadas por pequenos focos de agricultura familiar ao longo dos rios e da BR-364 (entre Cruzeiro do Sul e Rio Branco). Esses focos acumulam uma área de 136 km2 em mais de um ano. Em Rondônia, a característica é parecida à de Mato Grosso: as grandes áreas degradadas, somando mais de 330 km2 no período, são características de agricultura comercial e madeireiras.

As constatações foram feitas pelo Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), na formatação de dados do Programa de Monitoramento de Áreas Especiais (ProAE). Os dados colhidos pelo satélite LandSat e fotos de aviões do Sipam são a mais completa radiografia de cada centímetro de todas as áreas indígenas e reservas federais e estaduais da floresta amazônica. Mostram grandes descampados, onde a mata é retirada para a agricultura ou derrubada em busca da madeira, e também extensas áreas de mineração e de pistas de pouso clandestinas.

Em Rondônia, os dados de monitoramento de 2006 e 2007 foram entregues no mês passado para órgãos federais e estaduais de fiscalização, como a Polícia Federal, a Fundação Nacional do Índio (Funai), Ministério Público Estadual e Federal e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

No Acre, cujos dados foram divulgados ontem, as fotos dos satélites mostram que em um ano foram desmatados 136 km2 nas terras indígenas e unidades de conservação estaduais e federais. "Há pontos não-caracterizados como agricultura familiar na fronteira com o Peru, dando a idéia de que a devastação também pode ser importada", diz o diretor do Sipam, Marcelo de Carvalho Lopes.

Do total de devastação em Rondônia, 170 km2 foram desmatados em unidades de conservação estaduais, o que representa 51,5% do desmate em áreas protegidas. "São áreas grandes, contínuas, descampados que demonstram que é desmate para a retirada de madeira", diz Lopes. Outros 120 km2 desmatados foram em unidades de conservação federais.

FUTURO

Mato Grosso será o próximo Estado com a divulgação dos dados, seguido do Amazonas, Pará, Amapá e Tocantins. Segundo Lopes, durante o monitoramento, alertas de desmatamento são enviados aos órgãos de fiscalização. No caso de MT, oito alertas foram enviados em dois anos. Pelas informações compiladas, o Estado teve desmatamento recente no Parque Nacional Juruena e no Parque Estadual Serra de Santa Bárbara.

Em Rondônia, onde há 41 unidades de conservação estaduais, o ProAE aponta que cerca de 90% do desmatamento nas unidades ocorreram em apenas cinco áreas. A mais devastada é a Reserva Extrativista Rio Jaci-Paraná, na divisa dos municípios de Porto Velho, Buritis e Nova Mamoré. Só nessa área foram desmatados 95 km2.

Nas florestas estaduais Rio Madeira B (localizada em Porto Velho) e Mutum (situada em Cujubim) foram desmatados 15 km2 e 9,83 km2, respectivamente.

OESP, 18/07/2008, Vida, p. A19

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.