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Reserva Roosevelt: retirada dos garimpeiros acontece antes de abril

Diário de Cuiabá-MT
Autor: Marcia Oliveira
15 de Mar de 2002

Órgãos do governo federal devem finalizar detalhes em reunião que acontece em Brasília

A operação de retirada dos cerca de 3 mil garimpeiros que fazem extração ilegal de diamantes na reserva indígena Roosevelt, dos cinta-larga, na divisa de Mato Grosso com Rondônia, deve acontecer entre os dias 25 e 28 de março. Os detalhes finais da operação serão acertados hoje, ou mais tardar na segunda-feira em Brasília. A informação é do chefe do Departamento de Patrimônio e Meio Ambiente Indígena (DPIMA) da Funai em Brasília, Wagner Senna.
Em reunião no dia 12 na sede da Polícia Federal este e outros detalhes para a operação foram definidos, mas devem ser detalhados segundo Senna. "Amanhã (hoje) imaginamos que possamos ter o orçamento da operação e o que cada órgão ficará encarregado de fazer. Mas a princípio definimos que vamos precisar de 100 policiais federais, 20 homens da Funai, além de um número de homens do Ibama. O problema maior que temos na área hoje, por paradoxal que seja, não é a retirada, mas conseguir aplacar a continuidade do crime na área", disse Senna.
Para a operação e suas ações conseqüentes, considerada a segunda e mais complexa fase do processo, a Funai conta com o auxílio da Polícia Federal do Ministério do Meio Ambiente, das Minas e Energia e da Justiça, além do acompanhamento do Ministério Público Federal e do Conselho Nacional dos Direitos Humanos. "O que ocorre na área dos cinta-larga é um acinte à sociedade, ao governo brasileiro, ao patrimônio cultural e material do país", avaliou Senna.
Duas mil pedras de diamantes foram apreendidas na região em operações da Polícia Federal e só em 2001 os órgão federais estimam que tenham sido retirados o valor de R$ 50 milhões em diamantes do lugar. A entrada de garimpeiros teria começado em 1998, mas o "boom" da extração teria se caracterizado no final de 2000 e por todo 2001, quando 3,5 mil garimpeiros viviam na área. "No começo os próprios índios negociavam a extração mediante cobrança de propina, recebimento de bens. Porém, o garimpo é algo crescente. Eles perderam o controle, pediram a Funai para que interferisse e retiramos gente em dezembro de 2000; depois em março e setembro de 2001. Como os índios, a Funai também perdeu o controle. Se dessa vez os vários órgãos não se reunissem para trabalhar, o risco do governo brasileiro também perder o controle e termos ali uma nova Serra Pelada não seria distante", analisou Senna.
A situação dentro da reserva Roosevelt para o funcionário da Funai só seria comparada em grau de malefício, porém em menores proporções, ao que ocorreu na terra indígena ianomami, em Roraima. A invasão dos 9,5 milhões de hectares por 25 mil garimpeiros de 1989 até a retirada em 1996 causou a morte de dezenas de índios, que tinham pouco contato com a cultura branca. "Ali tivemos uma situação gravíssima. Os garimpeiros já tinham boates, armazéns, açougue e várias estruturas dentro da terra dos índios, que ao contrário dos cinta-larga, não interagiam com os garimpeiros", disse.
Caso a operação receba apoio e equipamento, a retirada poderá acontecer na data agendada, do contrário, a retirada será difícil segundo o delegado federal Márcio Valério de Souza. "A região está alagada e precisamos de carros com tração ou aeronaves. Do contrário, não dá para entrar", informou.

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