A Critica, Cidades, p.C8
08 de Mai de 2004
Reserva de Cujubim é um das maiores do mundo
Aprodução de borracha é uma das atividades que vão garantira sobrevivência de famílias que moram na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Cujubim, no Município de Jutaí (a 750 quilômetros de Manaus), a mais nova área de proteção ambiental do Estado. São, numa estimativa preliminar, 50 famílias que podem produzir oito toneladas de borracha ao mês. Além do componente econômico, o trabalho também tem como meta promover a preservação ambiental, fazendo uso sustentável dos produtos da floresta.
Para viabilizar o negócio com o látex, a Secretaria Executiva de Extrativismo fez uma série de acordos com empresários do setor e já garantiu a compra da produção por um preço mínimo de R$ 1,50, gerando uma renda bruta de aproximadamente R$ 12 mil ao ano, que no final representará um salário mínimo para cada família, que poderá viver de forma sustentável com os recursos oferecidos pela mãe natureza.
A borracha, contudo, não é a única atividade que se querim plantar na RDS Cujubim. Técnicos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente trabalham para a implantação de atividades econômicas ligadas a óleos essenciais, como a andiroba e a copaíba, um grande filão entre os negócios sustentáveis na Amazônia. Outra grande potencialidade da reserva e o açaí, fruto abundante na região.
Criada em setembro do ano passado, a implantação da Cujubim está acontecendo de maneira gradual e segura. Em abril, uma equipe multidisciplinar formada por técnicos das Secretarias de Meio Ambiente, Segurança Pública, Instituto Terras do Amazonas (Iteam), Associação dos Produtores Rurais de lutai, Tribunal de Justiça do Amazonas (TJA), por CD meio do Cartório de Jutaí, e a organização não-governamental Conservação Internacional fizeram uma expedição de 22 dias para mapear a população e as opções de desenvolvimento sustentável da RDS.
Coordenadora da expedição, Raquel Carvalho disse que foram feitos levantamentos fundiários dos terrenos ocupados há vários anos pelos habitantes da área, expedição de documentos e mapearam a reserva. "Precisamos aprofundar os estudos para estabelecer pontos, tipo cadeia produtiva e a forma de escoamento da produção", explica, estimando que em mais 30 dias será possível concluir o mapeamento para uso dos recursos naturais pelas populações tradicionais.
Raquel conta que para a execução desse trabalho, a secretaria está contratando, por meio de convênio com a Embaixada da Grã-Bretanha, quatro profissionais para atuar na Cujubim na produção de informação científica.
Das pesquisas e do trabalho já realizados durante a expedição, a coordenadora conta que será possível iniciara elaboração do Plano de Manejo da reserva. Nele ficarão estabelecidas as atividades sustentáveis que poderão ser realizadas pelo moradores; as necessidades de construção de postos de fiscalização, flutuantes e sistemas de comunicações; e também quais serão as áreas chamadas de intangíveis, cuja proteção será integral. "Acredito que em dois anos esse plano ficará pronto, mas temos de terem mente que ele não é fechado e poderá ser modificado conforme os próprios moradores forem sentindo necessidade", explica a técnica.
COMUNIDADE
Mapeamento com participação
Técnicos e comunitários na reserva discutindo o mapeamento econômico e ambiental de Cujubim
PERFIL
RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (RDS) DO CUJUBIM
Origem do nome: Cujubim é um pássaro muito popular na região
Área: 2,45 milhões de hectares
Localização: Município de Jutaí, na região dos rios Jutaí/ Solimões/ Juruá
Distância de Manaus: 918 quilômetros
Habitantes: 50 famílias (estimativa preliminar)
Potencialidades: Borracha, açaí, andiroba, copaíba e outros
Limites: Terra indígena do Vale do Javari, terra indígena do Biá e a Reserva Extrativista do Jutaí. Há também sobreposição de limites com as terras indígenas Batedor e Culina do Médio Juru
Observações gerais: Elevado nível de pobreza e 85% de analfabetismo
Fonte: Áreas Protegidas do Estado do Amazonas, subsídios para a estratégia estadual de conservação da biodiversidade. Manaus, SDS, 2 edição
Maior unidade do mundo
Reserva fica no Município de Jutai. Na área há sobre posição de terras indígenas Batedor e Culina do Médio Juru. A área de proteção tem 2,45 milhões de hectares
A Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Cujubim é a mais nova e a maior unidade de conservação ambiental do Amazonas. Com seus 2,45 milhões de hectares, ela é maior que a RDS Mamirauá, a mais famosa experiência de desenvolvimento com respeito ao meio ambiente do Estado. Por seu tamanho também é considerada a maior RDS do mundo. A Cujubim também integra o chamado corredor ecológico central da Amazônia, faixa de terra que intercala terras indígenas e áreas de conservação federais, desde o Oeste do Estado, e se estende até a região do médio rio Amazonas.
Raquel Carvalho explica que a RDS é uma área de extrema importância ambiental, por onde as espécies protegidas poderão estabelecer a comunicação com outras populações que vivem na região", explica a coordenadora da expedição multidisciplinar que identificou a reserva.
A Crítica, 08/05/2004, p. C8
As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.