VOLTAR

Renovado acordo ambiental em MT

Valor Econômico, Agronegócios, p. B12
26 de Set de 2014

Renovado acordo ambiental em MT

Bettina Barros
De São Paulo

A organização ambiental The Nature Conservancy (TNC) e a multinacional suíça Syngenta, assinaram ontem um acordo de renovação do projeto Soja+Verde, que prevê a regularização ambiental de produtores do Alto Teles Pires, em Mato Grosso.

Iniciada em 2009, a parceria mapeou quase 7 milhões de hectares de nove municípios no Estado - o equivalente a 8.100 fazendas - e identificou 38 mil hectares degradados de Áreas de Preservação Permanente (APP), como as matas às margens dos rios. Essas áreas são consideras cruciais para a preservação dos recursos hídricos, a estabilidade geológica e a biodiversidade. Pelo Código Florestal, os produtores brasileiros devem, obrigatoriamente, recuperar suas APPs.

"Foi um trabalho grande de sensibilização para trazer o produtor para a regularização ambiental", afirmou Gina Timótheo, coordenadora da TNC em Mato Grosso.

O papel da Syngenta foi estratégico na parceria. Além de patrocinar os trabalhos de campo (o investimento não foi revelado), a múlti atuou como facilitadora para a entrada da ONG nas fazendas. "Ainda existe desconfiança do produtor brasileiro. Ele acredita que se um ambientalista entrar na sua fazenda será para denunciá-lo", disse ao Valor Leandro Conti, diretor de assuntos corporativos da Syngenta Brasil.

Para ter sucesso, o projeto envolveu também outros atores intrínsecos ao processo de regularização - prefeituras, sindicatos e representantes do Ministério Público.

Passada a fase de diagnóstico dos passivos, a etapa seguinte será de recuperação ambiental. Conforme Conti, dos 38 mil hectares de APP degradados, cerca de 15 mil estão em processo de recuperação, num sinal de que a nova agenda de sustentabilidade no campo começa a tomar forma. A meta é recuperar mais dois mil hectares até o início de 2017.

Para isso, o projeto pretende criar o primeiro "Plano de Negócios de Restauração Florestal" da região. A ideia é detalhar os desafios do produtor para a restauração e oferecer aos governos locais sugestões de como superar esses gargalos, além de apoiar algumas das soluções. "Uma das demandas mais comuns é a dificuldade em obter sementes e mudas de espécies nativas, em quantidade e a preços acessíveis", afirmou Conti.

Diferentemente da recuperação da Reserva Legal - percentual da floresta que deve ser mantida nas propriedades rurais -, as APPs demandam mais técnica, dedicação e dinheiro. "No caso da Reserva Legal, basta cercar a área [degradada] que a floresta renasce sozinha. Com a APP não é assim", diz Conti,

A parceria pretende ainda ajudar prefeituras e a iniciativa privada da região a se capacitarem para oferecer esses insumos, por meio do incentivo ao trabalho de viveiristas, coletores de sementes e planejadores. "Vamos dar treinamentos para estimular a organização da cadeia produtiva, desde a produção de sementes até a organização de viveiros e prestação de serviços no campo", diz Gina, da TNC.

O mapeamento será disponibilizado às prefeituras, para ajudar na gestão do território, e aos produtores, que terão dados atualizados de seus passivos, de forma a cumprir a legislação ambiental.

O trabalho de recuperação florestal tem se tornado ainda mais urgente devido à reversão de tendência da taxa de desmatamento no país, que voltou a subir depois de quatro anos em queda. Entre agosto de 2012 e julho de 2013, Mato Grosso, maior produtor nacional de soja, foi o segundo Estado que mais desmatou no país - 1.139 Km2, atrás do Pará, que derrubou outros 2.346 Km2 de floresta amazônica.

A colaboração com a TNC é um dos principais projetos ligados ao "The Good Growth Plan", iniciativa global lançada no ano passado pela Syngenta para o fomento à produção sustentável de alimentos.

Valor Econômico, 26/09/2014, Agronegócios, p. B12

http://www.valor.com.br/agro/3711214/renovado-acordo-ambiental-em-mt

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.