VOLTAR

Remoção de famílias é o maior desafio, diz secretaria

FSP, Cotidiano, p. C9
07 de Mar de 2010

Remoção de famílias é o maior desafio, diz secretaria
Pelo novo projeto, 60 mil pessoas terão de sair de casa

DA REPORTAGEM LOCAL

Tudo é superlativo no projeto do parque Várzeas do Tietê, tocado pelo governo do Estado. É o maior parque linear do mundo, segundo seus realizadores, com 75 km de extensão e 107 km2 de área. Em todo o espaço, foram construídos uma ciclovia de 230 km, 129 quadras e 77 campos de futebol.
Para ser concluído, o projeto exigirá um investimento de cerca de R$ 1,7 bilhão -valor equivalente a algo em torno de um terço do custo total do trecho sul do Rodoanel, obra de R$ 4,5 bilhões. Também será necessário remover de suas casas cerca de 60 mil pessoas.
"É a parte mais difícil do projeto", reconhece Dilma Pena, secretária de Saneamento e Energia do governo estadual.
A dificuldade é que os moradores não querem deixar a várzea do Tietê. A Prefeitura de São Paulo, que coordena o trabalho de remoção em áreas da capital, tem encontrado dificuldades para convencer a deixar suas casas entre 7.000 e 7.500 famílias que estão nos Jardins Pantanal, Romano e imediações, apesar dos recorrentes problemas com enchentes que os moradores dessas regiões têm enfrentado a cada dia de chuva mais forte na cidade.
Segundo a Secretaria de Saneamento do Estado, o melhor antídoto para essa dificuldade é o consenso que existe entre os prefeitos das cidades afetadas pela ocupação ilegal que as várzeas do Tietê não devem continuar mais ocupadas.

"Beleza"
O arquiteto Ruy Ohtake diz que as famílias vão se convencer a sair ao verem a "beleza" do projeto que está sendo executado e o local onde vão morar -ainda não definido. Em 1974, quando foi feito o projeto original, não havia favelas na área, de acordo com ele.
Outra estratégia de Ohtake é envolver os moradores na criação do parque. O primeiro dos núcleos do futuro parque, chamado Jacuí, foi projetado "junto com a comunidade", segundo Ohtake. "Tudo foi discutido com a população. Foi a comunidade que sugeriu a pista de bicicross e uma área maior para a terceira idade", relata.
O primeiro núcleo custou cerca de R$ 35 milhões, pagos pela Dersa como compensação ambiental pelas obras da nova Marginal, e deve ser inaugurado no próximo mês.
O custo total do projeto, de R$ 1,7 bilhão, é outra dificuldade, já que nunca foi construído no país um parque que exigisse essa quantidade de recursos.
A secretaria diz ter um terço dos recursos exigidos (cerca de R$ 600 milhões). O R$ 1,1 milhão restante deve vir por meio de financiamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Se tudo der certo, a previsão da secretaria é que o parque fique pronto em 2016. (MARIO CESAR CARVALHO)
´
FSP, 07/03/2010, Cotidiano, p. C9

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.