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Relatório indica recorde de catástrofes naturais

CB, Mundo, p. 26
14 de Dez de 2007

Relatório indica recorde de catástrofes naturais
Federação Internacional da Cruz Vermelha revela aumento de 60% em desastres desde a década passada e culpa mudanças climáticas

Rodrigo Craveiro

Tsunami no Sudeste da Ásia, 26 de dezembro de 2004: 230 mil mortos. Terremoto no Paquistão, 8 de outubro de 2005: 79 mil mortos. Deslizamento de terra nas Filipinas, 17 de fevereiro de 2006: 1.058 mortos. Ciclone Sidr em Bangladesh, 11 de novembro de 2007: 3.447 mortos. Nos últimos 10 anos, a Terra enfrentou 60% mais catástrofes naturais do que na década passada. De 1997 a 2006, o mundo registrou 6.806 desastres - entre 1987 e 1996, foram 4.241. O número de mortos duplicou, de 600 mil para 1,2 milhão. Apenas neste ano, cerca de 500 tragédias naturais já foram contabilizadas, contra 427 do ano passado.

As estatísticas fazem parte do relatório World Disasters Report 2007 (Relatório de Desastres Mundiais 2007), divulgado ontem pela Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescentes Vermelho (IFRC). O documento conclui que mais de dois terços dos desastres naturais ocorridos no último ano foram causados por enchentes ou eventos climáticos extremos, e culpou o aquecimento global pelo número recorde. "As mudanças climáticas foram claramente um fator atrás da constante alta", declarou Markku Niskala, secretário-geral da IFRC.

Os custos das catástrofes foram estimados em US$ 34,5 bilhões em 2006, quantia bem abaixo dos US$ 210 bilhões de 2005, ano do devastador furacão Katrina. "Os números confirmam a tendência dos últimos anos", acrescentou Niskala. Somente até outubro passado, 410 desastres foram calculados, sendo que 56% deles estão relacionados com o tempo. O suíço Xavier Castellanos, subchefe da IFRC para as Américas, afirmou ao Correio que o número, a gravidade e o impacto das tragédias têm aumentado em decorrência de fatores como mudanças climáticas, urbanização sem planejamento, rápido crescimento populacional e degradação ambiental. "A mudança climática é uma questão humanitária, ecológica e econômica, que vai ampliar a freqüência de ondas de calor, inundações, secas e ciclones tropicais", explicou.

O relatório da IFRC analisa o tema da discriminação em situações de catástrofe natural. O documento lista os idosos, os deficientes físicos e as mulheres como os mais prejudicados pela tragédia. Segundo Castellanos, os próprios governos dos países afetados discriminam as minorias. "Isso ocorre por meio de procedimentos administrativos, como a não liberação de documentos para se ter acesso ao socorro", exemplificou. Ele acredita que milhares de vidas poderiam ser salvas a cada ano, se uma parte dos fundos destinados a intervir nas catástrofes fosse revertido para a redução dos efeitos nas pessoas vulneráveis. "Por cada dólar investido na diminuição de riscos pode-se economizar entre dois e 10 dólares em custos de intervenção", acrescentou. Castellanos afirmou que o assunto foi levado ao conhecimento dos cientistas reunidos na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Bali (Indonésia).

Japão

A cada dia, o aquecimento global é motivo de preocupação para os especialistas. A Agência Meteorológica do Japão revelou que a média global da temperatura da Terra fechará o ano 0,67 grau Celsius acima da temperatura mediana registrada entre 1971 e 2000. Os japoneses culpam o aumento das emissões de gases de efeito estufa, flutuações cíclicas na temperatura e uma menor quantidade de ar frio no Ártico como responsáveis pelo fenômeno.

O penúltimo dia da reunião em Bali foi marcado pela ameaça dos países europeus de boicotarem uma conferência climática a ser promovida pelos Estados Unidos em janeiro de 2008, caso o governo norte-americano não aceite negociar a implementação de reduções nas emissões. Yvo de Boer, secretário-executivo da conferência na Indonésia, disse estar "muito preocupado" com a possibilidade de o encontro cair "como um castelo de cartas".

CB, 14/12/2007, Mundo, p. 26

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