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Relatório das atividades constantes do Projeto de Formação de Lideranças para Multiplicadores dos Direitos Indígenas no

Associação Missão Tremembé-Fortaleza-CE
13 de Out de 2003

Já estamos com a prestação de contas bastante adiantada e esperamos ainda neste mês envia-la aos nossos parceiros, junto com uma avaliação do que tem sido desenvolvido até agora. Porque, na verdade, tivemos que adiar o início do trabalho referente à articulação dos povos "resistentes" (como querem ser chamados agora) para o mês de janeiro de 2003. E outras datas acabaram sendo modificadas.

Realizamos as atividades na VI Bienal Internacional do Livro, em Fortaleza, as Assembléias Regional (na diocese de Crateús) e a Geral, na aldeia Lagoa Encantada, entre os Jenipapo-Kanindé, Aquiraz. Essas Assembléias foram apoiadas financeiramente pela Broederlijk Delen, Bruxelles, Bélgica.

Percebemos que não previmos a preparação referente à formação dos multiplicadores e na verdade foi fundamental as inúmeras reuniões que realizamos nos momentos que foram possíveis, sem precisarmos, inicialmente, ir nas aldeias. Aproveitamos as diversas etapas do Curso de Magistério Indígena, promovido pela SEDUC, que coincide com o público alvo desse mesmo projeto, realizadas sempre próximo de Fortaleza.

Outra modificação tivemos que introduzir logo no início. Percebemos que não seria possível reduzirmos a capacitação a um único momento, todos multiplicadores juntos. Não tivemos essa clareza ao prepararmos a proposta. E foi assim que demos inicio à articulação, às visitas e, na mesma viagem, combinamos dois dias para a capacitação das lideranças jovens, multiplicadores dos direitos indígenas. Como fomos sempre um grupo bastante grande, pudemos nos repartir e visitar todas as aldeias de cada etnia E nos dias destinados à capacitação, nos juntamos todos.

Tinha ficado combinado que as visitas seriam sempre realizadas por uma comissão composta de lideranças e professores de povos reconhecidos oficialmente pela FUNAI, por
um assessor especializado que já participa desse trabalho de formação através da SEDUC e da Missão, e um ou dois missionários.

Na primeira visita na região de Crateús - Monsenhor Tabosa (02 aldeias), Tamboril, Crateús, Oitis, Lagoa dos Néri, Poranga e Quiterianópolis - não conseguimos contar com nenhum dos assessores (Professor Francisco José Pinheiro, historiador; Professora Isabelle Braz, antropóloga, Professora Antonia Carlos da Silva, Geógrafa - todos professores da UFC-Universidade Federal do Ceará; e Edleuza Santiago, psicóloga/antropóloga, professora da U.E.C.E. - Universidade Estadual do Ceará. E ainda o jovem Jefferson, recentemente formado em Direito.
Foi nos primeiros dias de janeiro, por isso foi difícil disponibilizarem-se para esse trabalho. E assim foram a Maria Amélia, o Florêncio e a Cidinha, da Missão Tremembé, que coordenaram, junto com as sete lideranças que participaram dessa viagem, e as lideranças locais. Foram visitadas todas as aldeias, todas as famílias, entre as quais nos repartimos durante dois dias, em cada município. E nos dois finais realizamos a capacitação para as pesquisas. Foram ao todo sete (07) dias de atividades na região da diocese de Crateus

No fim do mês de janeiro uma outra equipe, com a Maria Amélia, fomos a aldeia Fernandes, em Aratuba, e Gameleira, em Canindé.

Em fevereiro e março foi a Profa. Edleuza Santiago, também com um missionário e 04 lideranças. No mês de abril, uma equipe de 06 Tapeba visitaram as aldeias, para articulação e reforço da espiritualidade, por conta de esse grupo de jovens estar se preparando para exercer esse trabalho de pajés.

Retornei em junho e, por quatro vezes estivemos nos módulos do Curso de Magistério Indígena, para avaliação do andamento das pesquisas.

O inverno neste ano, no Ceará, ultrapassou as expectativas e tanto choveu bastante como foi bem largo o tempo dessas chuvas. Também foi um tempo de muitas doenças e isso dificultou a vida das famílias indígenas e, conseqüentemente, os seus trabalhos.

Daí porque tivemos que adiar a realização do Grupo de Trabalho nas Aldeias, que estava inicialmente previsto para junho. Essa data mudou para outubro. Foi o que fizemos agora recente nas aldeias de cada etnia. E foram surpreendentes os resultados. Não somente nós estamos animados. Eles estão muito animados, muito conscientes do valor do trabalho que estão realizando.

É o nosso momento atual. Só não funcionou o trabalho de pesquisa entre os Tremembé Córrego João Pereira, em Itarema e Acarau. Eles tiveram suas terras demarcadas e recentemente (fevereiro/03) homologadas. Já fincados os marcos, as placas e desintrusados todos os posseiros pobres, reassentados em terras desapropriadas pelo INCRA. Eles estão vivendo um momento desafiante, uma séria dificuldade interna, e não conseguem superar. A proposta deles desde o início era a pesquisa para a elaboração do que eles estão chamando de "leis da convivência" . Depois de muitos debates conseguiram elaborar uma espécie de regimento interno das famílias mas tiveram que enfrentar uma dificuldade quando tentaram definir a gestão coletiva dos recursos naturais existentes nas suas aldeias. Felizmente que alguns passos começam a ser dados numa das aldeias, de repartirem os cajueiros com todas as famílias, inclusive com as famílias da comunidade vizinha, Capim Açu, que não dispõem de cajueiros indenizados pela FUNAI. Uma parte também ficará para ações conjuntas, de necessidade das famílias reunidas. Com isso a esperança renasce mas ainda tem muitas resistências na aldeia de maior população e também de maior produção de castanhas de caju, o São José.

Imaginem que foi esse grupo Tremembé que nos propôs esse projeto de formação de lideranças jovens.

Estamos com as datas já previstas para as outras etapas do trabalho:

2) G.T.- Grupo de Trabalho numa Aldeia. Já ficou acertado se realizar em Crateús, nos dias 14, 15 e 16 de novembro próximo. As famílias na região aceitaram colocar essa temática para a Assembléia Regional, que costumam realizar, anualmente;

3) G.T. - Grupo de Trabalho com assessoria especializada, para aprofundamento e planejamento da formação continuada, nos dias 9, 10, 11 e 12 de dezembro. Nessa ocasião contaremos com a participação do Professor João Pacheco de Oliveira Filho, UFRJ, Professor Henyo Trindade UFub, duas lideranças Xukuru de Ororubá e os Assessores que os tem acompanhado no Ceará.

Como esse G.T. é também um momento de estudo, de aprofundamento, e de planejamento, começamos a pensar que o ideal é podermos nos reunir em um local agradável, onde os indígenas se sintam bem, à vontade, sem possíveis interferências. Ainda não definimos esse local mas estamos começando a levantar preços.

Queremos dizer para vocês que estamos muito felizes com os resultados já obtidos, além da animação que os grupos estão revelando. Uma consciência muito clara do valor dessa aprendizagem.

Na proposta desse projeto também consta uma Feira de Arte que não conseguimos realizar como estava programada. Na Semana dos Povos Indígenas deste ano de 2003, a Pastoral Indigenista da Arquidiocese de Fortaleza organizou um programa de atividades que aconteceu cada dia numa aldeia da área metropolitana onde essa instituição atua, o que foi muito importante mas, por outro lado, ficou impraticável a realização de outro evento na mesma ocasião.

Já nos reunimos duas vezes com os indígenas reconhecidos oficialmente pela FUNAI e os "resistentes" para vermos o local mais adequado. Visitamos o Centro de Cultura Dragão do Mar, em Fortaleza. Fomos juntos dar uma olhadela nos diversos espaços que são possíveis aproveitar para este momento da Feira. Nossa idéia é ampliarmos para outras atividades, incluindo palestras, debates, manifestações culturais. O que nos pareceu mais oportuno foi adiarmos para março de 2004.

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