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Relações entre pessoas do mesmo sexo eram comuns entre índios e colonizadores 'ensinaram preconceito', diz estudo

Hypeness https://www.hypeness.com.br/
14 de Ago de 2018

As reações de um grupo de pessoas à sexualidade são naturais ou uma construção social? A questão pode causar discussões polêmicas, e um estudo de antropólogos brasileiros pode ser um argumento forte para quem acredita na segunda opção.

Estevão Fernandes, antropólogo da Universidade Federal de Rondônia e Barbara Arisi, professora visitante da Vrije Universiteit Amsterdam, da Holanda, lançaram um estudo chamado "Gay Indians in Brazil: Untold stories of the colonization of indigenous sexualities" (algo como "Índios gays no Brasil: histórias não contadas sobre a colonização de sexualidades indígenas"), em que abordam o tema e jogam luz sobre um assunto pouco discutido.

O preconceito contra pessoas não-heterossexuais entre os índios é forte, e, em algumas tribos, resulta até em expulsão, linchamentos ou assassinatos. Para alguns indígenas, a homossexualidade seria algo que não existia em sua cultura, mas que se originou do contato com os colonizadores.

Mas, de acordo com Fernandes e Arisi, foi a homofobia que foi ensinada pelos portugueses, e não a homossexualidade. Eles estudaram diversos relatos de navegadores que estiveram no Brasil durante os primeiros anos de colonização e descobriram que descrições sobre práticas sexuais diferentes das que o catolicismo pregava como morais eram comuns.

"Sodomia", "perversão sexual" e "pederastia" foram alguns dos termos encontrados pelos antropólogos durante a pesquisa. Outro registro, este mais chocante, é o da execução de um índio tupinambá homossexual em 1613, em São Luís, no Maranhão. Ele foi morto com um tiro de canhão por jesuítas que diziam estar salvando a alma do pecador.

"As famílias tradicionais brasileiras que os portugueses encontraram quando desembarcaram aqui não eram homofóbicas", afirmou Estevão Fernandes à Revista Cult. Ele conta que práticas sexuais como poligamia e até comportamentos semelhantes à transgeneridade e ao não-binarismo eram relatados.

Os colonizadores fizeram o possível para condenar os indígenas que fugiam às relações heterossexuais monogâmicas e impuseram sua moral aos povos da terra que estavam explorando. Até hoje, segundo Fernandes, "afirmar-se índio e gay é uma dupla luta pela sobrevivência".

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