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Reino Unido solta suspeitos de enviar lixo tóxico ao Brasil

FSP, Cotidiano, p. C7
25 de Jul de 2009

Reino Unido solta suspeitos de enviar lixo tóxico ao Brasil
Os três -presos na última quinta- foram libertados após pagarem fiança; continuarão, porém, a ser investigados
Procurada pelo Brasil, a ONU não vê ainda necessidade de interceder e acredita que o problema já está sendo resolvido bilateralmente

Felipe Bächtold
Da agência Folha

Presos na Inglaterra sob suspeita de envolvimento com o envio de lixo doméstico e eletrônico ao Brasil, os três homens -de 49, 28 e 24 anos- foram libertados ontem após o pagamento de fiança. Os suspeitos, que não tiveram seus nomes divulgados, continuarão a ser investigados e precisarão se apresentar às autoridades locais duas vezes por semana.
A Polícia Federal diz que há indícios da participação de um brasileiro na Inglaterra no envio da carga tóxica ao Brasil. A agência ambiental do Reino Unido, no entanto, não revela se ele é um dos três suspeitos que foram presos.
No porto de Santos (SP) estão 41 contêineres com a carga. Há resíduos como sacolas, fraldas, camisinhas e até banheiros químicos. Em Caxias do Sul e Rio Grande (ambas no RS), outros 48 contêineres estão parados. De acordo com o Ibama, dez devem ser enviados de volta ao Reino Unido já a partir da próxima segunda.
Os três suspeitos foram presos anteontem, em operação conjunta da agência ambiental do Reino Unido e da polícia de Wiltshire, no sudoeste da Inglaterra. Segundo a agência ambiental, o conteúdo dos contêineres será investigado assim que a carga voltar ao Reino Unido. O órgão diz também que dará a destinação "correta" para o lixo tóxico.
No Reino Unido, a pena por exportar lixo de forma irregular vai da aplicação de uma multa a até dois anos de prisão. O Ministério do Meio Ambiente pretende processar os responsáveis pelo envio da carga no Reino Unido, mesmo que todos os contêineres sejam retirados do Brasil.

ONU
Embora o Brasil tenha feito uma queixa formal à ONU sobre os contêineres, a organização não vê ainda necessidade de interceder e acredita que o problema já está sendo resolvido bilateralmente. A cúpula do Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma) foi informada ontem da disposição do governo britânico em se responsabilizar pelo retorno da carga.
"Não temos motivo para achar que o Reino Unido irá descumprir o compromisso assumido", disse à Folha, de Nairóbi, o porta-voz do Pnuma, Nick Nutall. A queixa brasileira foi apresentada à Convenção de Basileia, com sede em Genebra, que a repassou ao Reino Unido. Em seu Artigo 9o, a Convenção, que regula o transporte internacional de resíduos, determina que o retorno de uma carga ilícita ao país de origem é de responsabilidade do exportador.
A Convenção não tem poder de punir, apenas de intermediar. Caso os britânicos não cumpram com o compromisso, o máximo que seus dirigentes podem fazer é reencaminhar a queixa brasileira a Londres e/ou tentar intermediar.

Colaborou Marcelo Ninio, de Genebra

FSP, 25/07/2009, Cotidiano, p. C7

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