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Reforço no caixa da região amazônica

O Globo, Razão Social, p. 20
18 de Mai de 2010

Reforço no caixa da região amazônica
Vale lança fundo de R$ 51 milhões para projetos de sustentabilidade

Martha Neiva Moreira
martha.moreira@oglobo.com.br

Uma parceria inovadora vai permitir reforçar ações e aprimorar projetos realizados na região amazônica. Até outubro, por exemplo, qualquer cidadão brasileiro poderá saber se houve desmatamento em áreas remotas do norte do Amazonas e Amapá, que ficam fora do alcance de satélites por conta de nuvens.
Uma outra proposta prevê incluir, ainda este ano, produtos da Ilha do Marajó na economia verde. Uma terceira iniciativa promove municípios campeões de desmatamento a municípios verdes, ou seja, aqueles que não só conseguiram reduzir a zero o índice de desmatamento, como também contribuem para o reflorestamento.

Além de terem a região amazônica como o foco e o viés da sustentabilidade, as três ações são possíveis por conta do apoio do recém-lançado Fundo Vale para o Desenvolvimento Sustentável, que buscou oito entidades reconhecidas que já atuam no local para conversar e definir prioridades de investimentos. O Fundo tem R$ 51 milhões para aplicar na região.

Cerca de R$ 28 milhões já estão comprometidos e R$ 7 milhões já foram repassados para as oito ONGs parceiras da empresa: IEB (Instituto Internacional de Educação do Brasil), IFT (Instituto Floresta Tropical), Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) Instituto Peabiru, ISA (Instituto Socioambiental) e TNC (The Nature Conservancy).

Para José Meirelles, do Instituto Peabiru, "a companhia inovou ao investir num tipo de parceria horizontal, em que a financiadora investe na colaboração entre entidades parceiras que já realizam trabalhos reconhecidos na região amazônica".

O Instituto Peabiru recebeu um aporte de R$ 1,5 milhões do Fundo Vale para desenvolver o Programa Viva Marajó, que vai priorizar o desenvolvimento de projetos para o entorno de unidades de conservação e sítios arqueológicos da Ilha. O programa vai focar ações de preservação da cultura local, conservação da biodiversidade, fomento da economia e inclusão social.

- Vamos botar o Marajó no mapa do Brasil desenvolvendo projetos culturais, ambientais, econômicos e sociais.

Uma das ações, por exemplo, será identificar a origem dos produtos locais para inserilos no mercado da sustentabilidade. Isso inclui processo de certificação. O açaí, que abastece 90% do mercado do país, é um deles. Outra iniciativa é apoiar instituições locais na conservação de uma das 550 reservas da Biosfera que existem no mundo - a da Amazônia Oriental, situada na Ilha - contou João Meirelles.

Ele disse que, em julho, a entidade vai lançar o documentário "Viva Marajó", com depoimentos de ribeirinhos, para dar visibilidade ao programa, que conta ainda com recursos da Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Estado do Pará.

- Não há solução mágica para as questões amazônicas.

Por isso a colaboração entre poder público, empresas e entidades que sabem falar a língua da população local faz diferença. Faltava no Brasil uma postura mais arrojada por parte das empresas em relação à sustentabilidade. Na Amazônia, por exemplo, boa parte do que se desenvolve é com recursos de fundações internacionais - disse Beto Veríssimo, do Imazon, entidade que recebeu R$ 6 milhões do Fundo Vale para aprimorar o monitoramento estratégico das áreas desmatadas.

Com o recurso, segundo Veríssimo, a entidade produz novas imagens de radar, que permitem registrar áreas nãoalcançadas por satélites, e produzir mapas mais detalhados. A partir do segundo semestre, a Imazon vai gerar mapas mensais de exploração madeireira (legal e ilegal), de risco de desmatamento para um prazo de seis meses e de emissão de CO2 associadas às duas atividades.

Ao explicar porque optaram por buscar as entidades parceiras, a empresa informa que está investindo numa espécie de licença social para operar, como explica Vânia Somavilla, diretora de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Vale:
- Queremos ter uma atuação para além da nossa área de operação. Com uma postura responsável temos outra licença, que não as formais, para realizar a operação - disse a diretora.

Paragominas é município verde

Depois de ser considerado um dos símbolos da destruição da floresta amazônica por seus 900 mil hectares de área desmatada, e constar da lista 'suja' do desmatamento do Ministério do Meio Ambiente, Paragominas, no Pará, tornou-se em março deste ano o mais novo município 'verde' do país. O conceito foi desenvolvido pela ONG The Nature Conservancy (TNC) e incorporadopelo Fundo Vale como estratégia de investimento. A TNC é parceria da empresa e realizou ações em parceria com a prefeitura de Paragominas que reduziram a zero o índice de desmatamento na região.

O valor investido na parceria foi R$ 2 milhões e, segundo o prefeito Adnan Demachki, foram usados em as ações, o microzoneamento ecológico e econômico das propriedades rurais, monitoramento mensal do desmatamento, reflorestamento e projetos de educação ambiental nas escolas.

Além de Paragominas, mais duas cidades paraenses que constam da lista do governo federal, São Félix do Xingu e Novo Progresso, estão desenvolvendo ações de combate ao desmatamento com o apoio da TNC e recursos do Fundo.

O Globo, 18/05/2010, Razão Social, p. 20

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