VOLTAR

Reduzir poluição é o maior desafio

OESP, Nacional, p. A6
25 de Out de 2004

Reduzir poluição é o maior desafio
Taxa de poluentes vem caindo desde o início da década passada, mas isso não significa que o ar da cidade esteja limpo

Herton Escobar

Se dependesse só das estatísticas, o ar de São Paulo seria uma beleza. A concentração de poluentes respirados na cidade vem caindo desde o início da década de 90 e hoje está bem abaixo dos limites de segurança internacionais. O que não significa, entretanto, que o ar esteja limpo. Reduzir a poluição continua sendo um dos maiores desafios ambientais da Prefeitura, além de aumentar a cobertura verde da cidade.
O problema do ar está diretamente relacionado ao trânsito, outra dor de cabeça dos paulistanos. Cerca de 95% da poluição atmosférica sai do escapamento dos carros, motos, ônibus e caminhões que entopem diariamente as vias da cidade, segundo o especialista Alfésio Braga, do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). No caso de material particulado, 60% tem origem veicular e 40%, na indústria.
O pico máximo diário aceitável é de 150 microgramas de material particulado por metro cúbico de ar, mas São Paulo ficou entre 100 e 120 nos últimos anos. O mesmo ocorre para concentrações de monóxido de carbono, dióxido de enxofre e outros poluentes de origem veicular. A melhoria deve-se principalmente ao Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), iniciado em 1986. "Acho que chegamos ao índice mais baixo possível na situação atual. Mas ainda é um nível considerado alto", alerta Braga.
Os limites de poluição foram determinados pelos EUA, na década de 70, mas já se tornaram obsoletos. "É apenas uma referência", explica Braga. "Os efeitos sobre a saúde continuam."
Problema que Danilo Mendes conhece bem. Ele sofre diariamente com o ar carregado de São Paulo e, quando o tempo fica muito seco, tem de dormir com o inalador do lado da cama. "Sinto imediatamente; não preciso de meteorologista para me avisar", conta o estudante da Vila Mariana, que sofre de bronquite asmática e sinusite. "É um incômodo constante. Tenho dores de cabeça e a garganta está sempre irritada."
Estudos indicam que uma redução de 30% a 40% na poluição poderia evitar 40 mil mortes e até 40 mil internações na cidade nos próximos 20 anos. As medidas para isso, segundo Braga, estão todas relacionadas ao trânsito. Ao cidadão cabe não usar o carro desnecessariamente e mantê-lo regulado. E à Prefeitura cabe fazer a inspeção veicular, incentivar o uso do transporte coletivo e melhorar a fluidez do trânsito. A matemática é simples: quanto menos carros parados na rua, menor a quantidade de poluentes emitidos. O rodízio, segundo Braga, não serve para nada. "Os carros continuam rodando, apenas em horários diferentes."

OESP, 25/10/2004, Nacional, p. A6

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.