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Redonda em movimento

FSP, Opinião, p. A2
Autor: GABEIRA, Fernando
20 de Nov de 2009

Redonda em movimento

Fernando Gabeira

RIO DE JANEIRO - Ao lançar o programa de mudanças climáticas, Lula interpretou a poluição da seguinte maneira: se a Terra fosse quadrada ou retangular, não haveria problema; como ela é redonda, temos de passar embaixo da poluição que é produzida a 14 mil km.
O vídeo fez sucesso na internet. Não sabemos se estava brincando. De qualquer forma, como a imprensa não se deteve, o assunto morreu. É razoável pensar que isso não foi considerado importante.
Logo em seguida, Lula anunciou as metas de redução de emissões. Metas ambiciosas, que nos enchem de otimismo. Se não entende os mecanismos elementares que regem o planeta e assume metas, podemos contar mais com ele quando se informar sobre esses mecanismos.
Para efeito pedagógico, seria interessante supor que Lula falava sério. E, assim, admitir que milhões de brasileiros, como ele, não entendem como é o processo de aquecimento global e suas consequências.
No Museu do Mar, em Arraial do Cabo, foram instaladas duas telas que, com a ajuda de computadores e animações, mostram alguns mecanismos oceânicos. Creio que o caminho escolar passe por aí.
Não se pode reclamar dos que não sabem. O mais correto é adotar métodos audiovisuais que ajudem o trabalho didático. A cidade de Teresópolis vai sediar um festival de cinema dedicado a professores e voltado para o ensino audiovisual.
Não preciso reafirmar os vínculos com a palavra. Mas o processo de comunicação, inclusive o dos jornais, precisa ser repensado. Mapas, animações, tudo deveria ser bem recebido.
Se a Terra fosse quadrada, ou retangular, poderíamos continuar no mesmo ritmo. Mas, como é redonda e, pior, se move, não há alternativa exceto nos movermos também.
Vamos passar por baixo, Copenhague pode cair na nossa cabeça.

FSP, 20/11/2009, Opinião, p. A2

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