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Rede em defesa da Bacia do rio Negro

A Crítica, Cidades, p. C3
23 de Mai de 2007

Rede em defesa da Bacia do rio Negro
É para isso que caminha as discussões sobre o futuro dessa região, conforme as discussões iniciadas ontem sobre o assunto

Ana Célia Ossame da equipe de A Crítica

Um encontro que deverá evoluir para a construção de uma rede, reunindo lideranças indígenas e pesquisadores, para pensar e discutir o futuro da Bacia do rio Negro é a expectativa dos participantes do encontro iniciado ontem, no Centro de Artes Chaminé, com o tema "Visões do Rio Babel: conversas sobre o futuro do Rio Negro".
O coordenador do Instituto Socioambiental (ISA), um dos organizadores do evento, Beto Ricardo, acredita que este será o primeiro de uma série que vai possibilitar a criação de uma agenda comum entre os interlocutores da região. "É preciso conquistar os direitos coletivos dos índios da bacia que estão no Brasil, na Colômbia e Venezuela", disse ele, destacando que, apesar da existência de mais de 40 povos indígenas diferentes, há preocupações comuns com a da biodiversidade.
Na programação de ontem, pela manhã e à tarde, o encontro reuniu em rodas de depoimentos e debates personalidades como João Paulo Copobianco, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Virgílio Viana, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Sócio-ambiental (SDS), Márcio Meira, da Fundação Nacional do índio (Funai), Marilene Corrêa da Silva, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e José Bonifácio Baniwa, da Fundação Estadual de Políticas Indígenas (Fepi). À tarde, a mesa reuniu Arnaldo Carneiro, do departamento de Ecologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) Eduardo Góes Neves, do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP) e Armindo Feliciano Miguel Brazão Baniwa, do rio Içana, que considerou importante discutir os problemas que afetam os povos da região do Negro, como a escassez de alimentos e a preservação do meio-ambiente. "Nossa região é uma das mais preservadas, mas temos essa preocupação", disse ele.
0 professor doutor em arqueologia da Universidade de São Paulo (USP), Eduardo Neves, que está na Amazônia desde o início dos anos 90, observa como um ponto importante o fato de o encontro colocar no mesmo nível de diálogo os pesquisadores e as lideranças indígenas, para conversar e refletir sobre a região. Para ele, cujos estudos vêm derrubando o mito do vazio demográfico da Amazônia, pois tem achados arqueológicos de mais de 3,2 mil anos na região, é essencial a mudança ocorrida hoje, quando os atores se reúnem e conseguem compartilhar experiências, ao contrário do que acontecia antes quando os cientistas chegavam, pesquisavam e partiam sem deixar nada nas comunidades.

Em números
40 terras indígenas já reconhecidas existem na região do Rio Negro. Como será esta região nos próximos 50 anos é o tema que vai permear todos os depoimentos e debates que acontecerão até a próxima sexta-feira, no Espaço Cultural Usina Chaminé.

A Crítica, 23/05/2007, Cidades, p. C3

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