VOLTAR

Raoni nega que índios tenham tomado máquinas

Diário de Cuiabá- MT
25 de Out de 2001

Importante liderança indígena do Xingu veio a Cuiabá para desafazer engano

O cacique Raoni Txucarramãe negou a participação de índios de sua aldeia no seqüestro de funcionários e o maquinário da empreiteira Cotril, responsável pelo encascalhamento da MT-322, no extremo norte do Estado. Segundo o cacique, os agricultores da região de São José do Xingu é que estariam revoltados com a paralisação da obra.

"Nós não temos nada a ver com isso aí que estão dizendo", disse o cacique, que veio a Cuiabá para desmentir a versão que chegou aos jornais da capital na última semana. "Eu não mandei fechar estrada nenhuma. Estava na minha aldeia sem saber de nada que estava acontecendo".

Segundo o cacique, o local onde afirmam ter havido a retenção do maquinário fica a 200 quilômetros de sua aldeia, a Metutire, na divisa com o Pará (na área indígena Capoto Jarina). Lá vivem 300 índios que, segundo ele, não têm nenhum interesse na conclusão da obra. "Essa estrada é do branco e só vai trazer benefício para ele".

A MT-322 liga São José do Xingu à localidade de Alô Brasil, num trecho de 204 quilômetros. A região, que é grande produtora de carne, madeira e minérios, tem na estrada uma via de escoamento importante. Sem acusar diretamente, o cacique acredita que pessoas ligadas ao chamado setor produtivo é que tenham sido os responsáveis pelo "confisco".

"Tem muito município que se beneficia da estrada. Daí, para acabar de patrolar, confiscaram tudo e usaram o nome dos índios", reclamou o cacique, que cobra a presença de jornalistas em sua aldeia, como forma de mostrar a verdadeira situação. "Quem for na nossa região vai ver que essa história é mentira".

ROTINA - De acordo com o procurador da Funai, César Augusto do Nascimento, não é a primeira vez que os índios recebem a culpa por crimes que não cometeram. Ele citou o caso dos índios nambiquara, que já foram acusados de provocar incêndios florestais devido à técnica de caça com fogo que utilizam. "O detalhe é que são os xavantes que utilizam o fogo, não os nambiquaras", revelou o procurador. "Imputar aos índios atos de violência não é novidade, infelizmente".

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.