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Raiz Campos homenageia Cacique Raoni em mural no Centro

A Crítica - https://www.acritica.com/
04 de Jun de 2022

Raiz Campos homenageia Cacique Raoni em mural no Centro
Ação quer despertar os olhares da juventude para o Dia Mundial do Meio Ambiente

Gabrielly Gentil
04/06/2022

A arte do grafiteiro e muralista Raiz Campos colore novamente os muros de Manaus. A nova obra do artista, exposta na Rua 10 de Julho, no Centro da Capital, nas proximidades do Teatro Amazonas, homenageia o Cacique Raoni, ativista da luta dos povos indígenas que foi indicado ao prêmio Nobel da Paz em 2020. Essa é uma iniciativa do projeto Megafone, em alusão ao Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho), e que tem como proposta chamar atenção da juventude para a data, por meio do "artivismo" (arte & ativismo).

Além de dar voz a artistas que praticam o "artivismo", o projeto Megafone, 1o prêmio de ativismo brasileiro, também busca provocar os debates sobre as mudanças climáticas. Logo, o artista visual Raiz, que se enquadra nessas categorias foi premiado pelo projeto, produzido pela Parede Viva e financiado pelo Vozes pela Ação Climática, e conta ainda com a parceria do Pimp my Carroça, Greenpeace Brasil, Instituto Socioambiental, WWF, Hivos, e Engaja Mundo.

O mural

Raiz topou o desafio e, com a assistência artística dos grafiteiros Ploris Baltazar e Fixo Ramon, produziu o mural de 19 metros por 4 metros, no Centro da capital amazonense. O artista ressalta que esse é um mural que ele já pinta desde 2012, sempre renovado por vários artistas, e que agora teve a honra de fazer essa merecida homenagem ao Cacique Raoni.

"Essa homenagem é muito especial pra mim, na questão de graffiti, em poder renovar aquele mural, usar as cores que eu queria, ter o apoio dos amigos, do projeto... A satisfação pessoal também do 'artivismo', de usar a nossa arte, o meu dom, pra conscientizar as pessoas, para trazer mensagens às pessoas. O propósito dessa arte foi trazer o Cacique Raoni, essa homenagem pra ele, pra que as pessoas possam pesquisar. Fiz imagens dele, fiz o nome dele bem claro, pra que procurem saber, sintam a grande importância desse líder indígena, que tem lutado a vida toda, e deixou o seu legado de luta em preservação da Amazônia e da cultura dos povos originários", destaca Raiz.

Produção

Antes de começar a produzir o mural, Raiz entrou em contato com os netos de Raoni. "Formamos um grupo junto com Simone Giovini, que é um fotógrafo italiano que acompanha os Kayapó, e montamos a ideia: fomos discutindo o grafismo, as fotos, os estilos que eu queria fazer, e foi massa! Montei a arte, eles super gostaram, aprovaram, pessoal do projeto aprovou e deu todo o apoio pra gente pode fazer", relembra o artista.

Para este projeto foram utilizadas mais de 150 latas de spray, pois segundo Raiz, o mural é feito 100% com spray. "Foi uma semana trabalhando, de segunda a segunda, e muito sol - foi de manhã cedo até a noite. Encontramos com muita gente, porque ali era o Centrão, e muita gente passou por lá: artistas, grafiteiros, amigos, apoiadores. Teve o pessoal do instituto Raoni, que estava aqui também, muitos turistas... Foi uma conexão muito legal. Gravamos pra TV alemã, então teve uma repercussão muito boa e satisfatória, de poder conscientizar com a arte, usar a arte pra isso", declara o grafiteiro.

Projetos

Os próximos passos da carreira do artista ainda são misteriosos. A reportagem do BEM VIVER TV questionou Raiz sobre os novos projetos, mas ele diz que por enquanto não pode falar muita coisa a respeito. "Ah... Aí tem um segredo (risos)", brinca o artista. "Tem muita coisa boa pra falar na frente, 'tamo' preparando muita coisa. Posso dizer que vou estar expondo em outros estados, e me sinto muito orgulhoso de poder levar a arte amazônica, a arte manauara, o graffite manauara pra fora - isso pra mim é a maior honra da vida!", adianta ele.

Sobre o artista

A relação de Raiz Campos com os povos indígenas iniciou ainda na infância. O artista baiano foi criado na vila de Pitinga (AM), onde teve contato direto com os Waimiri Atroari. O contato com a natureza também começou ali, junto com a educação ambiental, e muita conscientização. Tudo isso se tornou fonte de inspiração para o grafiteiro autodidata.

"Os povos indígenas já são essa inspiração, eles já cuidam dessa floresta há milênios e milênios, fazendo agro florestas, plantações, e mantendo sua cultura de pé. Uma cultura riquíssima, e cheia de consciência, inteligência, através da harmonia com a natureza, sem precisar destruir tudo. Essa é a grande questão: usar a arte pra conscientizar as pessoas sobre isso. Já fiz muito trabalho, muita oficina, a gente já trabalha com a causa e vamos continuar, porque enquanto tiver gente poluindo, eu vou estar pintando contra a poluição e a favor da preservação da Amazônia", conclui ele.

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