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Quilombolas recorrem à campanha pela internet para sobreviver

Diário Causa Operaria
Autor: Redação
08 de Abr de 2020

Além das dificuldades históricas e a luta contra o racismo e pela sobrevivência do povo quilombola no Pará, precisam enfrentar ainda o abandono do governo golpista

Povos quilombolas do estado do Pará (PA) lançaram na última sexta-feira (03), através da Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná (Arqmo), uma campanha virtual para arrecadação de fundos com o intuito de auxiliar cerca de 3 mil famílias, em 37 comunidades quilombolas na região oeste do Pará. Os fundos arrecadados serão destinados à compra de cestas básicas e mantimentos para a sobrevivência das comunidades durante a pandemia.

Nas últimas 24h, considerando apenas as estatísticas, foram registradas 114 mortes pelo vírus corona no Brasil, resultando num total de 667 mortes até o momento. Além de 13.717 casos confirmados da doença, o Ministério da Saúde (MS) ainda espera o resultado de milhares de exames realizados, fora as pessoas que ao menos foram submetidas ao exame. Os números são alarmantes. Segundo dados publicados pelo MS, cerca de 28% da população não cumpre as medidas de isolamento lançadas para o enfrentamento. Destes, maioria esmagadora não cumpre por necessidade de colocar pão na mesa e pelo abandono do governo federal.

A decisão de encaminhar a campanha virtual foi tomada de maneira urgente. A Arqmo denunciou o abandono do governo Bolsonaro às famílias quando demonstrou a atitude da Fundação Palmares.

"Nós recebemos umas mil cestas básicas, e reunimos parceiros para conseguir outros itens para complementar estas cestas, porém o número ainda é baixo e a alternativa foi criar essa campanha da Vakinha Virtual", disse Rogério, membro da Arqmo.

As atitudes do Fundação, atacada pelos golpistas, foram dignas da política do governo golpista de Bolsonaro para a classe trabalhadora no Brasil: dinheiro para os bancos ricos e esmola para os trabalhadores. As doações da fundação sustentam somente um terço daquela população, necessitada do programa de assistência para sobreviver, enquanto joga à sorte a grande maioria.

É importante destacarmos que, apesar da solidariedade dos trabalhadores têm para com os outros, a responsabilidade de subsidiar os quilombos é total do governo federal. A atitude do governo demonstra a diante da situação, revela que Bolsonaro e toda sua corja da direita racista é inimiga dos trabalhadores e da população negra. A política da direita para o povo negro para o país é racista. É uma de destruição das conquistas históricas do movimento negro. Além do próprio Bolsonaro ter declarado guerra às conquistas dos povos negros, o presidente da Fundação Palmares, Sério Camargo, nomeado pelos golpistas, já declarou publicamente que sua função como presidente da fundação é destruí-la.

Os povos quilombolas no Brasil estão enfrentando neste período, - além dos ataques racistas do governo fascista de Bolsonaro, dos problemas que já enfrentavam como membros da classe trabalhadora pobre e negra, da luta histórica contra o racismo e pelo direito de propriedade dos Quilombos -, a pandemia do vírus corona. A política do governo federal para a população para o enfrentamento da pandemia no Brasil é de total abandono da população e de arrocho para os trabalhadores.

Os trabalhadores negros e quilombolas enfrentam ainda os ataques diários da extrema-direita racista. Semana passada, em meio à maior crise pandêmica do planeta, o governo fascista decide expulsar dezenas de comunidades quilombolas no estado do Maranhão (MA). A decisão foi tomada a partir de um acordo com os EUA para expandir a base militar de Alcântara. Ou seja, a partir de mais um acordo com estrangeiros, o governo brasileiro decide jogar á rua a população quilombola, roubando suas propriedades.

Segundo dados do Sistema de indicadores Sociais (SIS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apesar de o negro ser a maioria em população brasileira, chegam a ganhar cerca de 31% a menos que pessoas brancas que exercem os mesmos cargos. Além disso, a renda média domiciliar per capita de pessoas pretas ou pardas foi de R$ 934 em 2018, metade do que era recebido pelos brancos, de R$ 1.846.

A política de destruição do governo federal ao Sistema Único de Saúde (SUS) afeta de modo mais direto a população negra. Segundo dados do IBGE, 80% da classe trabalhadora que depende da saúde pública para sobreviver é negra. Em 2018, Lúcia Xavier, coordenadora da organização de mulheres negras, Criola, explica:

"A população negra não é uma população doente. [...] O que acontece é que ela vive com menos qualidade. O grupo é mais vulnerável às doenças porque está sob maior influência dos determinantes sociais de saúde, ou seja, as condições em que uma pessoa vive e trabalha, a insalubridade, as baixas condições sanitárias às quais está submetida, por exemplo. E a soma desses diversos indicadores de vulnerabilidade aumenta também o risco de perder a vida"

Este contexto nos faz observar que o golpe de Estado no Brasil em 2016, seu aprofundamento com a eleição de Bolsonaro, a destruição das políticas públicas pela direita são um grande ataque à classe trabalhadora negra e ao povo quilombola. É preciso denunciar urgentemente o governo fascista e racista de Jair Bolsonaro, expulsando-os do poder e forçando o governo a fazer o que lhe é de dever: fornecer os todos subsídios necessários para a sobrevivência que são de direito do povo quilombola. Um governo trilionário não pode se negar a ajudar menos que uma população que ganha um salário mínimo por mês.

A campanha virtual realizada pela Arqmo é importante, e vem demonstrando sua força que já é de caráter nacional. Entretanto, é preciso perceber que podemos utilizar esta força para, além de arrecadar os subsídios necessários para a sobrevivência, encarar uma luta pela expulsão de Bolsonaro e toda a sua corja. A transformação de uma rede de solidariedade em uma rede de luta ocorrerá facilmente na medida que é feita a campanha de que o grande inimigo dos trabalhadores é o governo fascista.

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