Quilombolas de Barra da Aroeira comemoram formalização de cooperativa agroecológica

Quilombolas de Barra da Aroeira comemoram formalização de cooperativa agroecológica
28/02/2019 - 21:22

Lailton Costa

Com a constituição aprovada na Jucetins iniciativa pioneira integrará produção agroecológica de artesanato, moradia, alimentação e comercialização com moeda social própria

A comunidade quilombola Barra da Aroeira, radicada em Santa Tereza, no leste do Tocantins a 80 km da capital, comemora a aprovação da
Cooperativa Quilombarras na Junta Comercial do Tocantins (Jucetins). A associação se autodenomina multissetorial para produção agroecológica, distribuição solidária e de serviços comunitários.

Com a constituição formalizada pelo órgão na terça-feira, 26, a cooperativa, criada em novembro de 2018, precisa agora organizar seu funcionamento
de forma oficial em suas partes administrativa, logística da agroecologia e da bioconstrução, avalia o professor Édi Benini, do Núcleo de Economia Solidária da UFT, que coordena os trabalhos com a comunidade.

Ele explica que a cooperativa multissetorial é uma iniciativa pioneira no Estado e conta com a parceria da Seagro (Secretaria de Agricultura, Pecuária e Aquicultura do Estado) e da Escola Família Agrícola de Porto Nacional, entre outras, que precisam se unir para conseguir a liberação dos investimentos necessários para a associação funcionar. "A parte mais insegura é a liberação dos recursos para investimento e sem investimento não há como a cooperativa funcionar, mas estamos na expectativa que o governo estadual continue a apoiar o projeto e libere os recursos", afirma.

Benini se refere à verba do Fundo Estadual de Combate à Pobreza, um fundo da Secretaria da Fazenda e Planejamento, executado pela Seagro, de onde deverá sair o apoio financeiro do projeto. "O termo de referência prevê a construção da casa da farinha, da sede da cooperativa, a construção de um mercadinho e a criação de uma moeda social, que também vai ser a primeira do Tocantins", diz. Benini ressalta que a Quilombarras é uma das primeiras do país projetada para integrar os "fluxos de trabalho, produção, renda, consumo e promoção de condições dignas e sustentáveis de vida".

O projeto prevê ainda a construção de 20 moradias inspiradas na tradição local. "As casas são baseadas na bioconstrução, respeitando a tradição deles, com adobe (um tijolo artesanal) e telha de terra crua, mas com algumas técnicas de aprimoramento desenvolvidas pelo curso de Arquitetura",
explica.

Segundo Eliane Campelo, jornalista voluntária do projeto, os membros da Quilombarras além da fabricar farinha e derivados da mandioca irão criar bovinos, suínos e aves e fabricar e comercializar artesanatos e outros alimentos.

O processo para a organização da cooperativa começou em julho de 2017 dentro do programa de Extensão Raios de Sol, da UFT, desenvolvido na comunidade com a participação de estudantes de Administração, Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil, Direito, Letras e Teatro.

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