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Queimadas predominam em Pernambuco

GM, Gazeta Mercantil, p.B14
10 de Out de 2005

Queimadas predominam em Pernambuco
Recife, 10 de Outubro de 2005 - Entidades representativas de patrões e empregados do setor sucroalcoleiro divergem sobre o processo das queimadas nos canaviais em Pernambuco. O sindicato dos trabalhadores rurais criticam a prática, enquanto o das indústrias diz que o método é necessário. As duas partes buscam acordo para minimizar efeitos coletarais ao ambiente.
O presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar), Renato Cunha, diz que existe queimada "controlada" no estado - o Ibama dá a licença sete dias antes da queima. "Em Pernambuco, além de atuarmos de forma controlada, com a devida licença e taxa por hectare paga ao Ibama, o processo ocorre de madrugada, quando a temperatura é mais fria e o solo menos sensível ao fogo." Ele afirmou que há avanços no corte de cana crua. "Porém, o relevo acidentado da zona canavieira é limita a mecanização", disse.
Dirigentes da Federação dos Trabalhadores da Agricultura de Pernambuco (Fetape) se posiciona contra a prática, alegando "responsabilidade com a preservação do meio ambiente". O presidente da Fetape, Aristides Santos, explica que na mais recente convenção coletiva de trabalhadores canavieiros de Pernambuco ficou determinado que os donos dos canaviais se comprometem a permitir na moagem 2004/2005 o corte de, ao menos, 20% de cana crua.
As 25 usinas de açúcar situadas na zona da Mata pernambucana, vão colher entre setembro de 2005 e março de 2006 cerca de 15,5 milhões de toneladas de cana, 7% a menos em relação à safra de 2004/2005 como conseqüência das altas temperaturas registradas naquela região ao longo dos últimos 12 meses.
A lavoura canavieira de Pernambuco mobiliza 5,8 empregados para cada mil toneladas de cana colhidas, enquanto no Sul do País essa relação cai para 1,5 empregado, conforme demonstram os estudos do Sindaçúcar.
O relevo acidentado do estado impede que haja uma colheita mecanizada. Além disso, existe uma forte reação de trabalhadores em realizar cortes manuais com a cana "crua" por causa dos riscos de ferimentos provocados pela própria palha dos canaviais.
Tanto os representantes dos usineiros quanto os dos trabalhadores rurais admitem que a queima facilita o ritmo das colheitas e que o método é permanentemente monitorado pelo Ibama mediante a expedição de licenças com taxas pagas através de boletos oficiais.
Entre as áreas de canaviais que são queimados durante as safras semestrais, consta um trecho de 13 quilômetros que liga a rodovia litorânea Sul ao pólo turístico de Porto de Galinhas, o mais importante centro receptivo de visitantes procedentes de outras regiões do Brasil e com forte presença de estrangeiros.
As operadoras de turismo que realizam dezenas de viagens entre o aeroporto do Recife e as regiões de Porto de Galinhas, em transfers de turistas, afirmam que as queimadas impressionam os turistas; eles questionam o motivo do espetáculo noturno das fogueiras.
GM, 10/10/2005 – p. B 14

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