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Queimadas aumentaram 43%

CB, Brasil, p. 13
15 de Set de 2007

Queimadas aumentaram 43%
De acordo com o Ibama, o combate aos incêndios florestais na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso, custou aos cofres públicos R$ 520 mil. Em agosto, houve 16.592 focos em todo o país

Hércules Barros
Da equipe do Correio

O período de estiagem prolongado tem castigado a vegetação brasileira e onerado os cofres públicos. 0 Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) estima que, em todo o Brasil, ocorram diariamente 20 mil focos de calor. Em agosto, os satélites registraram 16.592 focos de incêndios em todo o país. 0 número é mais que o dobro do constatado no mesmo período de 2006, quando ocorreram 8,2 mil casos. A situação é mais grave no Pará, com 5.020 focos de incêndios; Mato Grosso, 4.665; e Rondônia, 1.663.
Só nas unidades de conservação de todo o país, os pesquisadores estimam que as queimadas cresceram 43% este ano em relação ao ano passado. Na Chapada dos Guimarães, no estado do Mato Grosso, o fogo consumiu 19% de mata e cerrado, desde 23 de agosto. O combate às chamas custou R$ 520 mil à União, de acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Segundo o engenheiro agrônomo do Ibama Rodrigo Falleiro, os recursos foram gastos com alimentação, combustível, diárias e contratações, além de helicópteros e aviões.
"Poderia ter sido um prejuízo menor se tivéssemos trabalhado com medidas preventivas', avalia Falleiro. Coordenador do Prevfogo no estado, ele conta ter recebido R$ 40 mil para trabalhar na prevenção de incêndios, mas o dinheiro chegou tarde. "Três dias antes do fogo começar", lembra.
Depois de 11 dias fechada para visitação, a Chapada dos Guimarães foi reaberta na quinta-feira, mas os técnicos disseram que o alerta continua na região porque o fogo não foi apagado totalmente. 0 incêndio destruiu 16,2 mil hectares de vegetação. Na área atingida estão pontos turísticos como o Morro de São Gerônimo e a Serra do Quebra Gamela.

Estiagem continuará, diz o Inmet

Um lugar à sombra. É o que deve procurar o brasileiro que não gosta de calor nos próximos dias. A previsão do tempo é de que a maior parte do país passe pelo menos mais uma semana de estiagem. Hoje o Distrito Federal completa 107 dias sem ver uma gota de chuva. As condições climáticas nada amistosas provocam fadiga e podem levar à desidratação, principalmente, quem não tem como driblar o sol.
A atleta Auxiliadora Aparecida da Silva, 41 anos, até tenta diminuir os impactos do tempo seco e quente com filtro solar e água, mas sabe que o rendimento físico cai pela metade. "Esse tempo vai atrapalhar minha rotina de treinos. Correr 10km é como se tivesse corrido 20", avalia. Maratonista há 20 anos, Auxiliadora sabe que não pode pensar em deixar de se exercitar por causa do tempo. "Vou ter que fazer trilha atrás de cachoeira", brinca.
De acordo com Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), apesar de uma grande massa de ar quente e seco predominar em 80% do Brasil há mais de dois meses, as condições climáticas estão dentro da normalidade. "A situação está péssima, mas compatível com a climatologia", avalia o meteorologista Manuel Rangel Farias Neto. Segundo o especialista do Inmet, a umidade relativa do ar na Região Centro-Oeste não deve chegar ao nível de 10% vivido nos anos 2002 e 2004. "Hoje (ontem), as capitais mais quentes não chegaram a registrar 39oC", disse. 0 meteorologista fazia referência a Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, com 37,9oC, e Palmas, em Tocantins, com 37,2oC.
Para a meteorologista Olívia Nunes, da empresa Somar Meteorologia, a situação é dramática. A sensação térmica em algumas regiões pode chegar a mais de 40oC. A ausência de nuvens e vento e a baixa umidade do ar explicariam a elevação nos termômetros. "A temperatura oficial é medida por equipamentos dentro de abrigos protegidos do sol e do vento, diferentemente do que enfrenta um vendedor de produtos em um semáforo ou um carteiro", ressalta. Olívia lembra que, no sábado passado, a capital paulista registrou 11% de umidade e 29oC. "São índices preocupantes para o inverno", explica.
0 Laboratório de Climatologia Geográfica dá Universidade de Brasília (UnB) considera as condições do tempo normais, mas não descarta que a situação possa piorar. "Se a estiagem durar um pouco mais, as primeiras chuvas devem ficar para outubro, diferentemente de 2006 que teve setembro chuvoso", destaca a pesquisadora Juliana Ramalho. Ela observa que as queimadas contribuem para aumentar o calor entre 0,5oC e 1oC. "Altera pouco, mas nem por isso deixa de ser preocupante", afirma. (HB)

CB, 15/09/2007, Brasil, p. 13

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