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Quando a luz é a cor e a câmera vira pincel

Revista Fator Brasil
17 de Nov de 2007

17/11/2007 - 11:23
Quando a luz é a cor e a câmera vira pincel

Pinacoteca celebra o Mês da Consciência Negra com imagens inéditas do fotógrafo Renan Cepeda.

O fotógrafo carioca Renan Cepeda inaugura exposição na Pinacoteca do Estado de S.Paulo, no próximo dia 17, sábado, de 11 às 14 horas,com curadoria de Diógenes Moura. A exposição apresenta 35 imagens deslumbrantes, resultado da pesquisa do artista nas comunidades de descendentes de quilombolas assentadas no norte de Goiás. Trata-se de um delicado registro da identidade Kalunga, da comunidade Vão de Almas, região inóspita, de difícil acesso (somente a pé ou com mulas é possível chegar ao local), completamente parada num tempo semi-civilizado. Este belo trabalho de Cepeda será exposto ao público brasileiro pela primeira vez. Esta série do artista foi exposta recentemente em vários países da europa.

Cepeda não utiliza nenhum tipo de manipulação fotográfica. Para estas séries usa uma Rolleiflex de 1952. As imagens são produzidas com uma técnica conhecida como light painting, que consiste em fotografar com longas exposições assuntos em total escuridão, com fontes de luz à mão. | www.renancepeda.com.

A série que a Pinacoteca apresentará reúne 35 imagens em cores realizadas entre 2005 e 2007. Trata-se de um delicado registro da identidade Kalunga, comunidade de descendentes de quilombolas assentada no norte de Goiás, em trecho especialmente inóspito da Chapada dos Veadeiros. Os retratos de Renan Cepeda revelam a gradual dissolução da cultura africana cultivada pelo kalungas e de seu modo de vida original.

Vão de Almas é uma série de retratos de uma família Kalunga, descendentes de quilombolas, que estão assentados no norte de Goiás, fronteira com o estado do Tocantins, em área de mesmo nome. Vãos são grandes depressões que formam planícies no meio do planalto central e compõem o complexo geológico da Chapada dos Veadeiros.

O Vão de Almas, diferentemente dos vizinhos Vão de Emas e Vão do Moleque, também territórios Kalungas (a área demarcada é de 272.000 km2 maior que a cidade de São Paulo) é região inóspita, de difícil acesso (somente a pé ou com mulas), completamente parada num tempo semi-civilizado. Vivem como índios, plantando tudo que comem e comendo tudo que criam. Sem estradas que possam levar algumas das facilidades do mundo industrializado, os Kalungas do Vão de Almas são pessoas com a 'pureza' do caboclo brasileiro, em sua mais profunda essência. Trazem ainda costumes africanos, como o lenço constante na cabeça das mulheres, danças como a sussa e a técnica de adobe na construção das moradias. As fotografias ainda mostram casas de adobe onde moram os kalungas, entre outras benfeitorias. A maioria das casas estão abandonadas, preteridas por outras de tijolo e telha de zinco, oferecidas por um projeto demagógico dos governos estadual e federal. A técnica secular de confecção do adobe, passada de geração em geração, fica ameaçada e o aspecto das vilas parecido com as conhecidas favelas da periferia de grandes cidades. Todas as fotografias foram realizadas com filme e câmera Rolleiflex 6x6, fabricada em 1952. Todos os efeitos são obtidos no ato fotográfico, sem manipulação posterior. À técnica de se fotografar com jatos de luz de uma lanterna o fotógrafo batizou de pichação de luz. Cores são implementadas com filtros na lâmpada.

Exposição com abertura dia 17 de novembro, sábado, das 11 às 14h, até 30 de janeiro de 2008, na Pinacoteca do Estado | Praça da Luz, 2 São Paulo | telefone (11) 3324 -1000, aberta de terça a domingo, das 10 às 18h | R$ 4,00 e R$ 2,00 (meia). Grátis aos sábados.

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