OESP, Vida, p. A17
05 de Nov de 2004
Qualidade do ar ainda longe do ideal
São Paulo diminui emissão de monóxido de carbono, mas concentração do poluente ainda é maior do que os níveis aceitáveis, diz IBGE
Karine Rodrigues e Claudia Ferraz
RIO - A pesquisa feita pelo IBGE captou um esforço realizado pelas grandes cidades para a melhoria da qualidade do ar, que resultou numa melhora, apesar de os níveis ainda estarem longe do ideal. São Paulo, por exemplo, conseguiu reduzir em 30% a máxima concentração anual de monóxido de carbono entre 95 e 2003: uma queda de 22.013 para 16.861 microgramas de poluente por metro cúbico de ar.
Porém, a quantidade do composto, que é tóxico e pode provocar e acentuar doenças respiratórias, ainda está 60% acima do limite do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Das cinco cidades que forneceram dados em 2003, só São Paulo apresentou índice fora do padrão.
Segundo o coordenador de Indicadores Ambientais do IBGE, Judicael Clevelario Junior, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte têm peculiaridades climáticas e de relevo que dificultam a dispersão da poluição. "Há características que favorecem o fenômeno da inversão térmica. O clima frio, por exemplo, e a inexistência de mar, que, por causa dos ventos, ajuda na dissipação dos poluentes", observa o biólogo, acrescentando que na capital paulista a questão é mais complicada por causa da numerosa frota de automóveis, que emite monóxido de carbono pelos canos de escape, e do grande parque industrial.
Já o Rio, com mar e sol constante, conseguiu reduzir muito a máxima concentração do composto no período entre 1999 e 2003: de 75.650 para 6.917 microgramas por metro cúbico de ar. Para o professor da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Saldiva, os dados mostram que a capital paulista tem jeito, mas precisa de uma política de controle de emissão veicular de poluentes.
Apesar de a qualidade do ar em São Paulo ainda não ser a ideal, algumas iniciativas isoladas colaboram para reduzir a emissão de poluentes. André Pasqualini é analista de sistemas e utiliza a bicicleta como meio de transporte. Ele pedala 40 quilômetros por dia para ir e voltar do trabalho. O percurso que para muitos seria um sacrifício para ele é um prazer.
Apaixonado por bicicletas, André participa de listas na internet que incentivam a criação de ciclovias e tenta convencer amigos a aderir ao uso da bike. Ele usa máscaras para se proteger. "Eu uso nos dias em que a qualidade do ar está muito ruim", diz.
OESP, 05/11/2004, Vida, p. A17
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