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Quadrinhos expõem conceitos e valores

Gazeta Mercantil-São Paulo-SP
18 de Jun de 2003

Desenhista e empresário, Maurício de Souza não titubeia em usar a popularidade da turma da Mônica para apoiar campanhas ligadas a educação, saúde e meio ambiente. A linguagem simples, direta e a simpatia dos personagens ajudam as crianças, público-alvo dos quadrinhos, a assimilar novos conceitos, valores e hábitos.

Para agregar e administrar os projetos de caráter social e educativo a empresa do desenhista criou, há dez anos, o Instituto Cultural Maurício de Souza, que tem o intuito de fazer a ponte entre as pranchetas dos desenhistas e as fundações, organizações e empresas interessadas em desenvolver programas na área social.

Mas o envolvimento de Maurício de Souza com as questões referentes ao meio ambiente é muito mais antigo. Segundo ele, muito antes dos governos oficializarem suas iniciativas ambientais e das empresas adotarem a responsabilidade social em seus modelos de gestão, suas histórias já tratavam de respeito à natureza. "Começou com as primeiras tiras do Chico Bento nos jornais, há cerca de 40 anos. Ele já falava, de uma forma bem natural, que é preciso cuidar para se ter para sempre. E essa é uma sabedoria que vem da minha avó, vem das pessoas do interior que convivem com a natureza e sabem o quanto ela é importante", enfatiza.

A primeira iniciativa de parceria com uma instituição pública para elaboração de material educativo veio em 1974. Em conjunto com a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), com argumento do sanitarista Samuel Murgel Branco (professor e escritor dedicado à ecologia), foi lançada a revista "A Turma da Mônica e a Poluição das Águas" que, de forma didática e acessível, abordava conceitos como a contaminação das águas por microorganismos e os processos utilizados para seu tratamento. "Essa revista teve uma repercussão tão grande que foi reeditada inúmeras vezes, pois as prefeituras das cidades no interior não paravam de pedir mais exemplares. Eu cheguei a redesenhá-la na década seguinte, pois os traços dos personagens haviam mudado", conta.

A partir dessa experiência, as campanhas educativas tornaram-se mais um entre os diversos projetos que seus estúdios desenvolvem simultaneamente.

O uso da energia elétrica e as bacias hidrográficas brasileiras são exemplos de outros temas desenvolvidos em parceria com governos estaduais que viraram revistas educativas.

A mais recente campanha ambiental que Maurício e sua equipe estão colocando em prática é o projeto "Óia o Chico!", uma parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), que começou em Pirapora (MG) e deve abranger os demais estados por onde corre o rio São Francisco. "A intenção desse projeto é conscientizar a população que vive às margens do 'Velho Chico', crianças e adultos, em relação ao bom uso das águas e à preservação das matas ciliares", explica. Chico Bento é o protagonista da campanha, e a mensagem está sendo transmitida por intermédio de revistas e kits educativos contendo cartazes e panfletos. Além desse material de divulgação, foram realizados filmes de curta duração (2 a 3 minutos), apresentados por bonecos semelhantes aos exibidos pelo seriado Vila Sésamo, na década dos 1970. Os filmes serão exibidos nas escolas e nas emissoras de televisão das regiões assistidas pela campanha.

Para apresentar as questões ambientais da região amazônica e sua fauna e flora, Maurício de Souza está criando dois novos personagens. Serão índios inspirados nas tribos Ashanincas e Katukinas, que vivem no norte do Acre. Os costumes e a cultura desses índios estão sendo pesquisados e os novos personagens deverão estar presentes em livros de primeira leitura e em desenhos animados de curta duração, a serem veiculados na televisão.

Além de sua participação em projetos ligados a meio ambiente, Maurício investe forte em campanhas direcionadas à saúde. O conjunto dessas iniciativas deram ao pai da Mônica o prêmio "Campeão de Saúde das Américas" concedido em abril, nos Estados Unidos, pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e o governo americano. Na ocasião, foi lançada a revista "Mônica: Ambientes Saudáveis para as Crianças", que está sendo editada em quatro idiomas e distribuída em todo o continente americano. Outro projeto que o desenhista deve empreender nos próximos meses é uma revista explicativa sobre a transmissão da raiva por morcegos. O público-alvo é a população das localidades em que a incidência da doença é alta, como o México, países da América Central e o próprio Brasil.

Para Maurício de Souza, o empenho de sua equipe nas campanhas institucionais visa mostrar que meio ambiente e saúde são questões essenciais e inseparáveis. "São princípios para a vida, e fico feliz em contribuir com as organizações e os governos para a conscientização das pessoas. Estamos saindo de uma relação puramente extrativista com a natureza para uma cultura preservacionista, o que é um sinal muito positivo", finaliza. (Gazeta Mercantil/Caderno A10)(A.V.)

Concurso ajuda a consolidar marca

São Paulo- Com tema ambiental e parcerias adequadas franquia conquista crianças e adolescentes. Serão entregues hoje, nos estúdios da Maurício de Souza Produções, em São Paulo, os prêmios do Primeiro Concurso Jovens Talentos, voltado a crianças e adolescentes que elaboraram o melhor desenho e a melhor frase sobre o tema ecologia. A promoção foi idealizada pelo Centro Cultural Americano (CCA), rede de escolas de idiomas que opera em 31 cidades brasileiras, com o apoio da Maurício de Souza Produções e do Instituto Vidágua, organização não governamental de Bauru (SP) direcionada à preservação ambiental.

Foram inscritos cerca de 300 mil trabalhos, que revelaram a grande preocupação das crianças e adolescentes com a poluição do ar e da água, especialmente entre os participantes que vivem em grandes cidades.

A amostragem dos trabalhos indicou que 38,5% dos jovens estão assustados com essa questão; 27% se preocupam com o desmatamento e 19% escolheram a reciclagem como tema. "Entre os participantes da cidade de São Paulo, a poluição foi citada por 41% das crianças, visto que essa é uma realidade diariamente vivenciada por eles", observa Pedro Rasteiro, gerente de marketing do CCA. "A quantidade e a qualidade dos trabalhos inscritos mostraram que as crianças e adolescentes tinham muito a dizer em relação ao tema ecologia, só que nem sempre encontravam espaço".

Cada uma das 70 escolas que fazem parte da rede CCA, uma franquia do ensino de idiomas, bancou R$2,5 mil para realização do concurso.

No total, foram investidos em torno de R$200 mil, sendo que R$175 mil foram gastos com marketing e custos operacionais, e R$25 mil com os prêmios, como microcomputadores, televisores, DVDs, medalhas, entre outros.

Um dos objetivos da iniciativa foi reforçar o marketing institucional da escola. "Percebemos que nossos clientes apreciam as empresas envolvidas em projetos e causas sociais. A intenção foi posicionar e solidificar nossa marca como empresa responsável e criar um canal para nossos alunos se expressarem", explica Rasteiro. A intenção da rede é tornar o concurso anual, e o próximo tema deverá ser relacionado a causas sociais.

A parceria feita com Maurício de Souza, que tradicionalmente apoia iniciativas ligadas à educação ambiental, buscou o know-how da empresa na elaboração do concurso e nos critérios de avaliação dos trabalhos. O Instituto Vidágua colaborou para divulgar a promoção, que além dos alunos do CCA foi estendida a escolas de ensino médio e fundamental. (Gazeta Mercantil/Caderno A10) (Andrea Vialli)

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