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Provável secretário vem de um povo organizado: os Ashaninka

Página 20-Rio Branco-AC
14 de Jan de 2003

Os Ashaninka nunca paparicaram governos ou autoridades, sempre tiveram consciência de seu potencial, e embora muita gente tentasse atrapalhar em vez de ajudar, conseguiram organizar suas comunidades e sobreviver com sua cultura e qualidade de vida peculiares. Talvez, o melhor modelo de comunidade indígena seja hoje o da terra Ashaninka do Rio Amônia, onde despontam as lideranças da família Pianko, o patriarca Antônio, e os filhos Francisco, Moisés e Benke. Eles são independentes, mantém sua tradição e modo de vida ancestral, mas tem telefone na aldeia, TV, estão ligados em tudo o que acontece no mundo, tem internet, já publicaram livros, cds, filmes e continuam a preservar as riquezas espirituais, tendo como ponto de convergência a Ayahuasca.

Francisco Pianko tem opiniões muito peculiares. Segundo ele até pouco tempo atrás as pessoas votavam, elegiam seus governantes e iam para casa, delegando ao governo fazer as coisas, já a eleição de Jorge Viana e Lula representam a vitória daqueles que querem governar juntos; ou seja 'eu voto em você mas eu quero participar'. Para Francisco, a diferença fundamental para os povos indígenas em relação aos governos é a de que agora, quando os índios procuram governo, ele existe. Antigamente, explica, era como se os índios não existissem dentro do estado.

Ele considera que a criação de uma secretaria indígena é uma conquista do movimento indígena, muito mais que um gesto de boa vontade do atual governo. " Nós somos responsáveis pelo surgimento da secretaria e o que queremos é que ela coopere com a evolução do movimento indígena do Acre, não só das cabeças mas das bases, as ações da secretaria devem atingir cada um dos índios do estado".

Uma secretaria comandada por Francisco Pianko, não vai ter política partidária em sua condução: "O movimento indígena será nosso parceiro, independente das filiações partidárias".

Francisco considera que uma secretaria indígena terá que ter uma feição indígena, onde seja traçado um programa que atinja a todos os índios do estado e "fazer o que sempre sonhamos em fazer em nossas aldeias".

Embora esteja já respaldado por 14 associações do Vale do Juruá e considere de extrema importância a valorização de sua região dentro do movimento indígena do estado, Francisco reluta em ser apresentado como o candidato do Juruá. Para ele, seria sinal de fraqueza iniciar uma secretaria assim como se houvesse uma divisão; é importante no seu entendimento que haja contínua renovação das lideranças e que sejam alçadas aos postos importantes pessoas que sejam do consenso das bases, principalmente a pessoa do secretário.

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